Reiteradamente tenho sido abordado por meus alunos com o seguinte questionamento: o que é necessário para que um profissional seja considerado um bom gestor? Antes de adotar um comportamento imediatista e apresentar uma resposta, prefiro salientar que é necessário definir um conceito de gestão e quais parâmetros podem ser utilizados para qualificá-la de forma positiva ou não. Além disso, também considero pertinente expor algumas premissas com base nas quais, comumente, expresso minha opinião.
Em termos simplificados, gestão pode ser conceituada como a tarefa de coordenar esforços no sentido de que objetivos e metas sejam efetivamente alcançadas. No que se refere aos parâmetros de avaliação, cabe esclarecer que a boa gestão não é somente a capaz de gerar resultados para as organizações, normalmente mensurados em termos de lucro, mas sim aquela que, além desses resultados, contribui de forma positiva com os colaboradores e com a sociedade. Quanto às premissas a serem consideradas, a primeira diz respeito ao fato de que o bom gestor deve possuir equilíbrio entre habilidades técnicas e habilidades comportamentais, enquanto que a segunda refere-se ao estilo de gestão adotado pelo profissional, principalmente quanto ao aspecto de delegação versus centralização.
Dentre as habilidades técnicas necessárias ao exercício da "boa gestão" a mais importante refere-se à visão sistêmica, que pode ser descrita como a capacidade de compreensão do conjunto de informações e tarefas necessárias à execução de uma atividade, ou ainda de que os resultados de uma organização são conseqüência da interdependência de inúmeros fatores, tantos internos quanto externos. Concernente às habilidades comportamentais, indiscutivelmente, as mais importantes referem-se à capacidade de comunicação e ao trabalho em equipe, principalmente quanto à apresentação, de forma simples e compreensível, da relação de dependência entre os diversos setores organizacionais, no sentido de que cada colaborador compreenda e assimile a sua participação e a sua responsabilidade na consecução dos objetivos e metas estabelecidas. No que se refere ao estilo de gestão, não há mais espaço para gestores centralizadores, visto que em situações como essa o aspecto motivacional fica amplamente prejudicado, pois a motivação, em minha singela opinião, está fundamentada no tripé realização, reconhecimento e remuneração. Em ambientes onde há delegação e incentivo ao trabalho em equipe, o sentimento de realização é muito maior, além do fato de que o gestor possui amplas possibilidades de proporcionar reconhecimento aos seus colaboradores.
Após a explicitação desses comentários, é comum ouvir um segundo questionamento: como preparar um profissional para que desenvolva e adote visão sistêmica quanto ao processo de gestão? Para tanto, há duas soluções plausíveis: a implantação, em organizações de médio e grande porte, de uma metodologia de "job rotation", onde o profissional exerce suas atividades, por pequenos períodos, em cada setor organizacional e o exercício simulado de atividades gerenciais de tomada de decisão por meio dos denominados "jogos de empresas".
Ah! Considerando o momento atual, cuidado com candidatos que prometem, caso eleitos, adotar um "choque de gestão" na administração pública. Avalie, primeiramente, se a pessoa possui as características de bom gestor aqui apresentadas, pois, caso contrário, poderemos presenciar um "choque no eleitor".