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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Nos últimos 20 anos, poucos foram os brasileiros de bem que aceitaram entrar para a atividade político-partidária e a disputar eleições no Brasil. As razões para isso e seus efeitos influenciam, cada vez mais, a decisão de se manter distância e, pior, a afastar os jovens. Fazer política no Brasil se tornou algo condenável, degrau para enriquecer sem fazer esforço e, mais recentemente, para problemas com a Justiça e a polícia.

Por isso, quando um procurador da República como Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato, não descarta a possibilidade de entrar para a política, deve ser incentivado e aplaudido. Nomes como o dele, com a formação e a experiência adquirida nas investigações da maior operação de combate à corrupção da história da República, seriam um alento e uma esperança para todos os brasileiros.

Dallagnol servirá como exemplo para os jovens, ao sinalizar que a política é um caminho extraordinário para se exercer o bem comum

Primeiro, porque, ao mudar seu campo de atuação, entra para a política munido de um volume de informações que, estudadas e analisadas pelos seus pares, poderiam contribuir muito para aprovar leis e mecanismos que viessem a impedir a formação de verdadeiras quadrilhas, legalmente eleitas, para desviar dinheiro público.

Em segundo, a decisão de Dallagnol, caso dispute um cargo público, na mesma seara de quem pede votos e percorre seus estados, acaba de vez com a ideia espalhada pelos atingidos pela Lava Jato de que a operação demoniza a política. Ao contrário, a decisão é um ato de fé na política e na democracia como sistema mais viável para o desenvolvimento e o crescimento das nações. Além do mais, o jovem procurador da República terá uma oportunidade que só o exercício da política oferece: conhecer in loco os grandes problemas que a sociedade brasileira enfrenta no dia a dia e acompanhar o embate ideológico no Senado ou na Câmara, para o qual é preciso conviver e respeitar os contrários na busca do consenso.

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Nossas convicções:A finalidade da sociedade e o bem comum

E, por último, Deltan Dallagnol servirá como um grande exemplo para os jovens, ao sinalizar que a política é um caminho extraordinário para se exercer o bem comum através do idealismo, boa vontade e preparação técnica. Abre, portanto, um vasto caminho para que outras lideranças, de áreas diversas, sigam para a política. E, encorajadas por Dallagnol, estarão liberadas dos medos e hesitações que surgiram com as revelações surpreendentes que traumatizam a sociedade brasileira pela desfaçatez e dimensão.

No atual momento brasileiro, quando as decepções se avolumam, estamos todos à procura de ídolos e ícones a quem admirar e em quem acreditar. E eles podem surgir de todas as camadas da população, representando o brasileiro naquilo que tem de melhor: dedicação ao trabalho, honestidade de princípios, respeito ao outro e vontade de vencer e realizar.

Marcos Domakoski, ex-presidente da Associação Comercial do Paraná, é presidente do Movimento Pró-Paraná.
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