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As grandes naus e a agilidade: por mais flexibilidade na gestão de empresas
| Foto: Unsplash

Os negócios passam por uma transição nos modelos de gestão fomentada pelas grandes mudanças no cenário organizacional. Aos poucos, vão se afastando de modelos de gestão tradicionais em favor de abordagens mais colaborativas e flexíveis, que promovem a inovação, a agilidade e maior participação de colaboradores. Os novos modelos da administração trazem consigo maior autonomia e agilidade. Reed Hastings disseminou na Netflix o lema de “liberdade com responsabilidade”, conferindo grande autonomia nos diversos níveis hierárquicos para as tomadas de decisão. O CEO da Amazon, Jeff Bezos, também é notado como idealizador de um novo modelo de gestão, que enfatiza a obsessão pelo cliente, a agilidade, a experimentação e a descentralização.

Esses novos modelos estão em sinergia com a velocidade de mudança no mercado e as novas necessidades dos clientes. A agilidade tem sido cada vez mais inserida nos modelos organizacionais, pois oferece uma maneira flexível, adaptável e colaborativa de lidar com a complexidade e a incerteza dos negócios modernos. Empresas nativas digitais foram concebidas com a premissa de agilidade em sua cultura. As empresas tradicionais, por sua vez, encaram desafios significativos para promover a gestão ágil. O excesso de hierarquias, as tarefas e processos burocráticos são alguns exemplos que dificultam a agilidade. Fato é que, para manterem-se competitivas, as empresas, sejam elas digitais ou convencionais, precisam adaptar-se às mudanças, e as demandas de mercado têm mudado em velocidade nunca vista.

Promover esse movimento na gestão de uma empresa convencional não é simples e rápido. Costumo fazer uma analogia a uma grande embarcação: quando o capitão gira a roda do leme, a direção do navio não muda imediatamente. Assim, muitas empresas têm despendido esforços rumo a essa mudança, porém ela não acontece instantaneamente. A empresa carrega consigo uma história, uma cultura, uma estrutura robusta, processos e pessoas. Esse conjunto faz com que a “embarcação” não seja leve de manipular.

As grandes naus não se abalam com tempestades em alto mar, tampouco estão em risco com as ondas que a atingem. Pequenos barcos têm mais instabilidade diante de ondas e alguns deles não estão preparados para navegar em alto mar. Grandes empresas, robustas e consolidadas, muitas vezes conseguem superar crises político-econômicas, oscilações da moeda, cenário pandêmico, mas não têm condições de mudar a direção na velocidade com que o mercado exige. Para grandes embarcações, o tempo de resposta do leme não é imediato, é impraticável uma mudança de direção de forma instantânea, pois a nau é pesada, robusta, e requer todo um esquema de engenharia para conseguir movimentar-se em outra direção.

Continuando a analogia com a navegação, o comandante do Titanic e sua equipe perceberam o iceberg à frente quando estavam a uma distância de dois quilômetros. Todos os esforços foram feitos para mudar a direção, mas não foi suficiente, causando uma colisão e posterior tragédia, que é mundialmente conhecida. O cenário futuro não dá alternativas, as mudanças e transformações de mercado continuarão acontecendo, e ainda mais rapidamente. Dessa forma, mesmo empresas convencionais, devem refletir sobre suas operações, processos e regras. Reduzir burocracias, eliminar hierarquias, conferir mais autonomia às equipes, proporcionar ambientes criativos, promover colaboração, retirar o excesso de departamentalização.

Um modelo hierárquico rígido pode ser substituído por composição mais fluida e descentralizada. A burocracia, pautada na padronização e cumprimento de regras, deve dar espaço à flexibilidade e autonomia. Mesmo enfrentando desafios significativos, há caminhos e inspirações que apoiam a alta direção a implementar uma cultura e gestão ágil de forma estruturada e segura.

Fernanda Paola Butarelli é gerente de Desenvolvimento de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) - campus Toledo.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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