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As ilusões pacifistas do Lula sobre o conflito Israel-Palestina
| Foto: André Borges/EFE

O líder político do grupo terrorista islâmico Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerã no dia 31 de julho. Haniyeh era um terrorista brutal, líder e facilitador do pior ataque contra a comunidade judaica desde o holocausto. A primeira reação de Lula foi condenar a operação, chamando-a de “desrespeito à soberania e integridade territorial” e afirmando que “não contribuem para a estabilidade e paz duradouras no Oriente Médio”.

Irã, Hamas e seus cúmplices têm violado a soberania, a integridade, a estabilidade e a paz no Oriente Médio há mais de quatro décadas, financiando e apoiando centenas de ataques terroristas contra civis. Israel tem o direito e a obrigação de se defender proporcionalmente e de perseguir os planejadores, financiadores e operadores desses ataques terroristas.

A resposta do Lula não deveria ser tão surpreendente — afinal, o presidente brasileiro era próximo de Haniyeh e seus aliados. Lula foi um dos únicos líderes mundiais a enviar um representante — nada menos que seu vice-presidente — à posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. Ele estava sentado ao lado de Haniyeh. Isso ajudou a reabilitar a posição diplomática do Irã, uma teocracia brutal que é o maior patrocinador estatal do terrorismo islâmico global, incluindo dos ataques a Israel no 7 de outubro.

A conexão do Lula com a Autoridade Palestina (AP), uma organização repleta de corrupção e dominada pelo Fatah, também não pode ser ignorada. O presidente, enquanto Haniyeh era primeiro-ministro, assinou acordos com a AP, incluindo a colocação de uma embaixada da Autoridade Palestina em Brasília.

Mais recentemente, em 8 de julho, o Brasil promulgou um acordo comercial Mercosul com a Autoridade Palestina, tentando contribuir “para um estado palestino economicamente viável, que possa viver em paz e harmonia com seus vizinhos”.

A resposta da AP aos ataques do 7 de outubro foi que “o mundo está focando demais no 7 de outubro” e não o suficiente no sofrimento palestino, antes de proceder a pedir “unidade com o Hamas”. Não é possível ter unidade com um grupo terrorista como o Hamas, e acreditar que apoiar a AP pode aumentar a paz e a harmonia no Oriente Médio, ou mesmo entre Israel e Palestina - é uma ilusão absurda.

Haniyeh foi primeiro-ministro da AP de 2006 a 2014, antes de assumir seu papel como líder político do Hamas, uma das organizações terroristas mais sofisticadas, organizadas e genocidas do planeta, com um orçamento anual estimado em mais de 2 bilhões de dólares. O Hamas também é um governo teocrático, que oprime mulheres, membros da comunidade LGBTQ+, e pede a destruição de Israel e o genocídio de judeus e infiéis.

Lula tem trivializado repetidamente o holocausto ao comparar as ações de Israel em Gaza com as dos Nazis durante a Segunda Guerra Mundial

De um lado, Israel usou força proporcional para retaliar contra um grupo terrorista, apoiado pelo Hezbollah, pelo regime teocrático no Irã e outros, para erradicar uma ameaça dentro de suas fronteiras. Tudo isso enquanto toma as maiores precauções para minimizar as baixas civis, fornecendo ajuda humanitária, abrindo passagens fronteiriças para refugiados (enquanto o Egito as fecha) e até mesmo tentando negociar um acordo de cessar-fogo com o Hamas.

Por o outro, os Nazis, além de perseguir uma guerra de agressão para expandir seus territórios baseados em teorias de superioridade racial alemã, também assassinaram sistematicamente mais de 6 milhões de judeus em campos de concentração e pogroms, assim como inimigos políticos, dissidentes, intelectuais, jornalistas e membros da comunidade LGBTQ+. A comparação é fora da realidade, e serve para reviver os pesadelos do holocausto para os judeus. 

Lula e outros líderes latino-americanos de esquerda parecem acreditar que o Hamas, o Hezbollah e o Irã estão agindo de boa fé, e dispostos a aceitar um estado judeu, se forem dadas as condições certas de negociação. Essa análise é ingênua e simplista. Suas ações nas últimas quatro décadas mostram que não estão, e são, em vez disso, a maior fonte de insegurança e terrorismo no Oriente Médio. 

Toda tentativa israelense de paz e negociação tem sido recebida com terror e extremismo. 

Não importa o quanto os países vizinhos no Oriente Médio se liberalizem e desenvolvam, incluindo Israel e agora outros estados árabes, as contingências terroristas teocráticas nas fronteiras de Israel abraçam ainda mais seu culto à morte. Acreditar que eles querem a paz, ou pior, que compartilham a mesma política anticolonial e progressista de Lula, apenas legitima sua propaganda.

O Brasil é a potência geopolítica mais significativa da América Latina e tem a influência e o peso para ajudar a conter a crise do antissemitismo e o sentimento anti-Israel na região. A América Latina tem cerca de 500 mil judeus (incluso 100 mil no Brasil) e há muito tempo é lar de uma vibrante comunidade judaica. Em vez disso, seu pacifismo mal orientado, insensatez e ódio pelo estado judeu estão alimentando o fogo. Desde o 7 de outubro, os ataques antissemitas no Brasil aumentaram mais de 1.000%, e a retórica e as ações de Lula são parcialmente responsáveis.

Joseph Bouchard é um jornalista e analista que cobre geopolítica nas Américas, com experiência de reportagem no Brasil, na Colômbia e na Bolívia. Ele é colaborador em Young Voices e pesquisador do Centro Sobre o Conflito e Desenvolvimento na Universidade Texas A&M. 

Conteúdo editado por:Aline Menezes
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