Hoje vivemos opostos no futebol mundial. De um lado, uma crise de corrupção que abrange desde as pequenas federações locais, como a do remoto estado do Amapá, em um país continental que é o Brasil, até a poderosa Fifa, que muda inclusive as leis de um país para seu próprio benefício, quando se trata de ganhos financeiros. De outro, a paixão pelo esporte, que faz do futebol o jogo mais admirado e visto em todos os cantos da terra, gerando uma movimentação financeira envolvendo bilhões de dólares, euros ou libras.
A Confederação Brasileira de Futebol, com seu modelo de gestão pautado no antigo coronelismo, impõe regras e comanda todos os segmentos do futebol brasileiro de acordo com seus interesses políticos e econômicos. É notório que esse modelo está falido e os clubes precisam de novas dinâmicas e mudanças que despertem o gosto do torcedor. E que também tragam mais retorno aos próprios clubes, com divisões mais justas de cotas de televisão e patrocínios, além de uma participação efetiva nas definições de formatos de disputa.
Deixar as competições nacionais de futebol a cargo dos clubes é a saída mais inteligente
Neste ano de 2016, clubes de Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro se organizaram e criaram a Primeira Liga de Futebol, um “projeto piloto” de mudança para avaliar a participação de investimentos e de público. Pelo que temos visto até agora, a iniciativa está alcançando um resultado melhor que os campeonatos estaduais, organizados pelas federações filiadas à CBF. É claro que a Confederação já se mostrou contrária à Primeira Liga, colocando algumas pedras no caminho, cogitando até desfiliar os clubes participantes junto à Fifa caso fosse mantida a competição. Mesmo assim, os times estão disputando o torneio, que tem uma gestão mais transparente, bons jogos e estádios cheios.
Os clubes é que detêm o poder da torcida e, consequentemente, têm a credencial para organizar suas próprias ligas, gerando investimentos e crescimento do futebol brasileiro. Isso já é feito com sucesso em vários países da Europa, nos quais os campeonatos são realizados pelas ligas formadas pelas equipes, ficando a cargo da confederação daqueles países apenas a seleção nacional.
Há espaço, sim, para a CBF promover a disseminação do futebol brasileiro em todo o país e no exterior, organizando propostas esportivas e de incentivo ao futebol e gerenciando a seleção brasileira de futebol, como fazem todas as federações de outras modalidades esportivas no país. Deixar as competições nacionais de futebol, a organização de tabelas, sistemas de controle e os contratos financeiros com emissoras de televisão a cargo dos clubes, que são os verdadeiros detentores do futebol, é a saída mais inteligente para termos mais força no cenário mundial.
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