• Carregando...
 | Luis Bravo/AFP
| Foto: Luis Bravo/AFP

No dia 11 de dezembro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tomou a decisão inesperada de tirar de circulação, em 72 horas, as notas de 100 bolívares, que são as cédulas de maior valor no país. A medida terá como efeito imediato a redução pela metade na base monetária da economia, ou seja, no dinheiro em circulação.

Inicialmente, a expectativa é conter a crescente desvalorização do bolívar, que tem provocado a hiperinflação no país (em função do aumento do preço dos importados), a redução da atividade econômica e da qualidade de vida da população. Mas esta parece não ser a única razão. Existem também comentários de que a medida foi tomada para contornar um suposto complô internacional, denunciado por Maduro, que teria sido orquestrado para deixar a Venezuela sem notas de 100.

Além de não ter o mínimo para se sustentar, a população também não tem como sair do país

O argumento para a mudança é de que, com a inflação acelerada, essa nota não é suficiente para comprar quase nenhum produto no país. Para se ter uma ideia, um quilo de açúcar custa 6 mil bolívares. Assim, essa nota será substituída por notas de 500, 5 mil, 10 mil e até 20 mil bolívares.

A principal crítica a essa decisão vem do fato de que ela afetará muitas pessoas pelo curto espaço de tempo para que as notas sejam substituídas, o que parece quase impossível. E análises já apontam que a mudança pode prejudicar o sistema de pagamentos e provocar um maior controle do governo sobre a economia. Além disso, a situação de miséria econômica e social no país, que tem aumentado muito nos últimos anos, tende a piorar. Isso porque a retirada de parte do dinheiro em circulação já fez disparar o câmbio negro no país, fortalecendo os grupos criminosos que o Estado venezuelano diz buscar combater.

Como se não bastasse a medida econômica, Maduro ainda fechou as fronteiras com o Brasil na região de Pacaraima (estado de Roraima) e também suas fronteiras com a Colômbia. Desta forma, além de não ter o mínimo para se sustentar, a população também não tem como sair do país.

O desafio agora é saber o limite de respeito às normas internacionais de não intervenção e de respeito à escolha nos Estados de seus próprios governantes, em detrimento de direitos mínimos existenciais da população frente a decisões autoritárias que agravam as condições de existência humana.

Andréa Benetti de Oliveira e Ludmila Culpi são professoras do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]