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Uma das definições do Aurélio para suicídio é: “ruína ou desgraça, procurada espontaneamente ou por falta de juízo”.

A necessidade do momento é proteger adolescentes e jovens desse jogo macabro chamado “baleia azul”. Hoje é isso. E amanhã? Como virão disfarçados outros desafios destrutivos que se aproveitam da vulnerabilidade de alguns deles?

As etapas do suposto jogo são, de certa forma, semelhantes ao que ocorre na vida real. O adolescente é envolvido mais e mais a cada nova tarefa. Isso até o ponto em que sente não haver mais como retroceder. Perde a força e a esperança. É o fim. Assim como acontece na prática, o jovem não dorme bem e acorda mal, decidido a tirar sua própria vida. É um processo de sofrimento lento que culmina em morte.

Comportamentos tidos como “aborrecentes” podem ser, na verdade, pedidos desesperados de socorro

Mas o que acontece antes desse envolvimento? Pegando uma carona na definição, ouso dizer que muitos pais e mães estão cometendo suicídios familiares por falta de juízo. Há brechas perigosas que podem abrir espaço para desgraças como automutilação e tirar a própria vida.

Primeiro, há o suicídio relacional dos vínculos quebrados ou inexistentes. Você conhece a rotina do seu filho? Sabe quem são seus amigos mais próximos e qual a influência deles? Ele se sente à vontade para conversar com você? O vínculo familiar é forte? Vocês têm tempo de qualidade juntos?

Depois, temos o suicídio emocional de uma vida interior confusa. Como está a autoestima do seu filho? Ele se sente à vontade para dividir suas angústias? Sabe dizer o que o incomoda mais? Será que ele sente solidão? Que sinais ele tem dado de que não está bem?

Há também o suicídio informacional de pais que não conhecem seus próprios filhos. Quão envolvido ele está nos relacionamentos virtuais? Ele depende da tecnologia? Vira as noites para viver on-line? Que perigos reais ele está correndo? Com quem você pode conseguir informações sobre os perigos da rede para essa faixa etária? O que ele faz quando você não está em casa?

Por último, o suicídio espiritual de uma vida sem fé e esperança. Você tem separado um tempo para pastorear o coração do seu filho? Tem ensinado a prática de atividades espirituais construtivas? A paz e o amor estão presentes nos relacionamentos familiares? Você conhece os anseios da alma do seu filho?

Se há alguma coisa boa em toda a polêmica envolvendo esse assunto, é o fato de que muitos pais e mães estão acordando para a necessidade de proximidade familiar. Comportamentos tidos como “aborrecentes” podem ser, na verdade, pedidos desesperados de socorro.

Ouse aproximar-se do seu filho sem julgamentos, sem acusações, sem predisposições. Nós, pais, somos os adultos dessa relação. Pesa sobre nós a responsabilidade pela vida deles. Se já tentou e não teve sucesso, busque ajuda profissional.

Ame, escute, beije, abrace, amasse. Relacionamento é vida na vida. Comece hoje. Não espere até o próximo alerta de um grupo de WhatsApp. A hora é agora.

Adriana Pasello é professora, blogueira e mãe.
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