Leito em hospital (imagem ilustrativa).| Foto: Pixabay
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Na Itália, médicos estão tendo de escolher entre quem usa respirador e quem morre. A superlotação de hospitais é a face mais trágica do coronavírus nos países europeus, cujos sistemas de saúde são mais robustos que o nosso. O Brasil não dispõe de equipamentos de saúde suficientes para atender as demandas de saúde já existentes. De acordo com estudo do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps), a média de leitos de UTI é de 7,1 por 100 mil habitantes, quantidade considerada aquém do mínimo necessário. Como será, então, com o coronavírus?

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A estrutura de saúde pública do estado do Paraná não é diferente do restante do país. Somente metade das regiões de saúde do estado cumpre com o requisito mínimo de 10 leitos de UTI por 100 mil habitantes. O Paraná tem hoje cerca de 100 casos confirmados. Diversas medidas têm sido tomadas, como a limitação do transporte estadual e o fechamento de serviços de comércio e indústria não essenciais. No dia 23, o governo do estado declarou estado de calamidade pública.

Para evitar a superlotação de hospitais no estado, será necessário complementar os esforços de distanciamento social com a organização do fluxo de atendimento. Para tanto é fundamental ter uma atenção básica resolutiva. Cabe aos municípios coordená-la.

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Dada a heterogeneidade dos municípios no país, três organizações da sociedade civil sem fins lucrativos – o Ieps, o Instituto Arapyaú e o Impulso – elaboraram uma check list de enfrentamento à Covid-19 direcionada aos municípios, prevendo ações de rápida implementação em quatro dimensões essenciais. O manual indica como as prefeituras podem orientar suas ações a partir dos dados e evidências existentes; adaptar a organização dos serviços de saúde; fortalecer a prevenção através da comunicação com a população; e, por fim, reformular estratégias de gestão instaurando uma cadeia de comando e controle eficiente durante o período de crise.

A melhor maneira de os municípios ajudarem o governo do estado paranaense é cumprir com um plano de ação claro e comum, que garanta uma atenção básica verdadeiramente resolutiva, assegurando que apenas os casos graves serão encaminhados para o hospital. Evitar o colapso hospitalar é também função dos prefeitos.

Miguel Lago é diretor-executivo do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps). Arthur Aguillar e Helyn Thami são pesquisadores de políticas públicas do Ieps.