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Quousque tandem Catilina abutere patientia nostra? A frase de Cícero, em discurso no Senado romano há mais de 2 mil anos contra as atitudes de Lúcio Sérgio Catilina, que só pregava a discórdia, ainda hoje é emblemática e se encaixa perfeitamente na vida política do Paraná.

Catilina abusava da oratória para defender teses vencidas. Aqui, fez escola. Nossos adversários abusam do discurso fácil e estéril com o único objetivo de desgastar o governo. Nada de construtivo.

É o que acontece neste momento com a apresentação do projeto de lei em que o estado pede autorização legislativa para vender 61 imóveis que não têm função pública. O que não significa que todos serão vendidos, tampouco que isso sera dará imediatamente.

A ideia é trocar bens que estão sem utilidade direta pela possibilidade de novos recursos

O Paraná exige transparência nos negócios públicos

O governo Carlos Alberto Richa, do PSDB, quer vender 62 imóveis públicos do estado. Ele enviou à Assembleia Legislativa o PL 822/15, que lista todas as áreas e edificações que poderiam ser comercializadas, se os deputados estaduais autorizarem.

Leia o artigo de Tadeu Veneri, líder da oposição na Assembleia Legislativa.

A ideia é trocar bens que estão sem utilidade direta – e oneram o Estado por causa da necessidade de manutenção do patrimônio público – pela possibilidade de novos recursos para a execução de ações de interesse da sociedade.

Entendemos a medida como uma troca de ativos, uma vez que o resultado da venda de bens sem destinação pública específica será unicamente para alavancar novos investimentos.

A iniciativa do nosso governo não é nenhuma novidade. O governo federal já anunciou que vai vender imóveis que estão sem uso. Outros estados seguem na mesma direção. A grande diferença é que a União e outros governos estão em busca de recursos para cobrir déficits orçamentários.

Não é o caso do Paraná. Com a determinação do governador Beto Richa, conseguimos enfrentar os efeitos da crise com o ajuste fiscal iniciado em 2014. Adotamos medidas duras e impopulares, que custaram enorme capital político e sacrifícios à sociedade.

Mas eram ações inadiáveis. Os números estão aí a demonstrar que o governo federal e os estados que não enxergaram os riscos – ou não tiveram coragem e responsabilidade de enfrentar as dificuldades – hoje têm suas finanças seriamente comprometidas. A maioria cancelou investimentos, atrasa salários e terá dificuldades para pagar o 13.º salário aos servidores.

Graças ao ajuste, reduzimos as despesas do estado em 10,6%, em termos reais. Em janeiro vamos reajustar a folha do funcionalismo em aproximadamente 10%. Em 2016, também começaremos a retribuir os sacrifícios impostos aos paranaenses com um grande volume de investimentos. Programamos aplicar R$ 6,8 bilhões em obras, sendo R$ 3,7 bilhões do Tesouro do estado e R$ 3,1 bilhões das empresas estatais de energia, saneamento e habitação, além do Porto de Paranaguá.

A maior parte dos R$ 100 milhões que estimamos arrecadar com a venda de imóveis serão direcionados para o sistema rodoviário estadual. Além de melhorar a segurança das pessoas, boas estradas significam mais competitividade para a produção paranaense. Vamos, portanto, atender os dois maiores ativos do estado.

O governo do estado está construindo, junto com todas as forças da sociedade, um ambiente propício ao desenvolvimento econômico e social do Paraná. Para isso, sempre esteve disposto ao diálogo e parceria com todos os segmentos.

Infelizmente, neste caminho, temos de enfrentar personagens da política paroquial, com propósitos menores. Para estes é que dedicamos a célebre frase de Cícero: Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?

Eduardo Sciarra é chefe da Casa Civil do governo do Paraná.
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