Desde 2020, um dos tópicos que mais chamou atenção na dicotomia (mais política do sanitária) da pandemia de COVID-19 foi o das máscaras. De um lado, tínhamos os que defendiam com afinco a eficácia irrefutável do uso do apetrecho que desfigurou o rosto de tantas pessoas e que foi motivo para os mais diversos tipos de coerção e represálias para quem não seguisse fielmente essa nova ciência.
Do outro lado, tínhamos aqueles que lutavam para tentar trazer a coerência e o debate dentro das “recomendações” despóticas dos governantes, explicando aquilo que muitos já falavam e que os próprios olhos estavam vendo: as máscaras, do jeito que foram impostas e vendidas pela ciência moderna deles, não funcionavam.
De fato, muito comum era ver pessoas que juravam de pés juntos que o uso das máscaras era extremamente eficaz e útil para a condução da pandemia, utilizaram-na dogmaticamente, mas, de um jeito ou de outro, acabaram contraindo o vírus.
Também, muito comum, para não se dizer hipócrita, era ver políticos e autoridades utilizando as máscaras para fotos e gravações oficiais, enquanto as retiravam no segundo seguinte do marketing e propaganda política de saúde. Basta procurar na internet o título “political leaders remove mask after official photo” (líderes políticos removem máscaras após foto oficial) que verá como exemplo dessas cenas aconteceram.
Ou a doença poderia ser transmitida somente por gotículas (como defendia a OMS), ou havia a possibilidade de transmissão por aerossol (como defendiam os médicos e cientistas independentes que alertavam para inutilidade das máscaras, diante dessa possibilidade)
E qual era o principal debate? Se as máscaras – de todos os tipos, incluindo as não profissionais – eram capazes de proteger as pessoas de contraírem o vírus (e consequentemente a doença). Conforme os meses e anos de pandemia foram passando, o debate foi escalonando na mesma proporção, com direito até da descoberta de e-mails “vazados” do Dr. Anthony Fauci, cientista que estava ditando as regras de saúde nos EUA e no mundo, dizendo que as máscaras eram ineficazes.
Chegou-se a um ponto em que certas autoridades, incluindo médicos, seguiam o raciocínio e argumentavam que realmente não havia evidências muito positivas sobre o efeito das máscaras, mas, curiosamente, também não havia qualquer evidência negativa, então, de maneira “óbvia”, qualquer proteção era melhor do que nenhuma (e a isso chamaram de ciência).
O que estava no cerne da questão dizia respeito a essas duas hipóteses: ou a doença poderia ser transmitida somente por gotículas (como defendiam a OMS, diversas agências de saúde e governantes), ou havia a possibilidade de transmissão por aerossol (como defendiam os médicos e cientistas independentes que alertavam para inutilidade das máscaras, diante dessa possibilidade).
Um dos pontos de reviravolta foi o estudo de Katherine Randall e Linsay Marr, que colocou em xeque toda essa discussão – e recomendação de máscaras –, uma vez que concluíram que a covid-19 era sim transmitida por aerossóis. Na verdade, antes mesmo do estudo os autores, junto com físicos e químicos especialistas em atmosfera, além de outros 230 cientistas, já estavam em uma longínqua discussão, melhor dizendo, monólogo, com a OMS, desde janeiro de 2020, na tentativa de fazê-los voltar a atenção para essa característica de disseminação do vírus.
Porém, como para muitos, quando lhes interessa, é necessário ter o aval definitivo de sua entidade superior e que detém todas as informações sobre nossa saúde e bem-estar, a Organização só se manifestou quase um ano depois, mas sem ter tido maiores repercussões nem foco das mídias e autoridades. Não tendo havido nenhuma declaração pública, nenhuma entrevista, os jornalistas e autoridades não deram atenção e a coisa só foi percebida por quem olhava tal questão de perto. Entretanto, apesar dessa falta de divulgação, a OMS assumiu que os aerossóis tinham um papel importante na disseminação da doença e que promover a ventilação e uso de máscara em local fechado seria o ideal, com a possibilidade de rever os conceitos e definições para esse tipo de transmissão.
Pois bem, no dia 18 de abril, a OMS lançou, junto com as principais agências e “experts” do mundo, uma atualização da terminologia para os patógenos que são transmitidos pelo ar.
Claro que em nenhum momento há a admissão de que erraram em suas recomendações anteriores, nem há algo escrito do tipo “máscaras não funcionam”. Na verdade, colocaram que na pandemia houve uma confusão na comunicação de como a doença foi transmitida através do ar – confusão essa, aparentemente, que chegou ao ponto de silenciar e descredibilizar cientistas e médicos independentes. Porém, coincidentemente, as atualizações feitas e as novas terminologias e entendimentos dizem as coisas pelas quais muitas pessoas foram censuradas e julgadas como anticientíficas por espalharem fake news, incluindo o próprio parecer e estudo de Linsay Marr.
Agora, de acordo com esse novo documento, não é mais recomendado fazer as distinções que antes eram bem-demarcadas, de que as gotículas são partículas que possuíam tamanhos maiores do que 5 micrômetros, enquanto os aerossóis possuíam tamanho menor do que 5 micrômetros. A partir desse novo parecer, todos as partículas espalhadas pelo ar são consideradas dentro de um grande grupo chamado partículas respiratórias infecciosas (IRPs em inglês), das quais o SARS-CoV-2 (o vírus da COVID-19) faz parte.
A Organização só se manifestou quase um ano depois, mas sem ter tido maiores repercussões nem foco das mídias e autoridades. Jornalistas e autoridades não deram atenção e a coisa só foi percebida por quem olhava tal questão de perto.
Dessa forma, agora, dizem que os IRPs existem em um espectro contínuo de tamanhos, de submicros até milímetros, e que “nenhum ponto de corte único deve ser aplicado para distinguir partículas menores de partículas maiores, o que permite afastar-se da dicotomia de termos anteriores conhecidos como 'aerossóis' (geralmente partículas menores) e 'gotículas' (geralmente partículas maiores)”.
Mas o que isso significa na prática em relação às máscaras? Há a admissão por parte da OMS de que o tamanho específico da partícula não importa na transmissão da doença, pois elas existem em uma ampla variedade de tamanho. Intrinsecamente, com tal afirmação, também acabam confirmando que o tipo de máscara influencia na capacidade de proteger ou filtrar essas partículas. E como somente em determinados ambientes, situações e tipo de produtos as máscaras realmente se tornam eficazes na prevenção de certas doenças, o uso indiscriminado delas, incluindo as profissionais (cirúrgicas) e não-profissionais (aquelas de outros tipos de tecidos feitas em casa ou sem serem produtos hospitalares), e que foram impostas a toda sociedade, não eram e não são eficazes na prevenção da COVID-19.
Não somente isso, mas outras coisas também foram colocadas em consideração de maneira mais profunda no documento e que eram motivos de debates (e censura) à época, como a temperatura do ar ambiente, a incidência de luz solar (UV), a umidade presente no local, o fluxo de ar, a ocupação e o uso do espaço onde as partículas eram expelidas, das quais afetam de maneira direta e indireta a infectividade, a duração, a velocidade de transmissão e a distância percorrida pelo vírus ou partículas virais. E adivinhe? Isso também deveria ser levado em consideração na hora de realizar “medidas eficazes e apropriadas de saúde pública”.
Então, havia uma diferença muito grande entre usar máscara tendo sintomas, isolado em casa, em ambientes fechados – tal como sempre foi feito antes de 2020 – e obrigar a todas as pessoas as utilizarem ao sair de casa, em um ambiente aberto, ventilado e com incidência de luz solar, por exemplo, muito menos se não estivesse com sintomas.
Não somente isso, mas com essa informação da transmissão por aerossóis, melhor dizendo, de partículas respiratórias infecciosas que possuem um amplo espectro contínuo de tamanhos, das quais “geralmente existem mais partículas menores, em comparação com as maiores” também se pode inferir como a ciência deturpada deles influenciou no combate à doença através das medidas inconcebíveis e draconianas de lockdown, tal como foi visto durante meses na pandemia.
Mas e agora? Será que podemos confirmar de maneira aberta as ineficácias das máscaras durante a pandemia de COVID-19? Será que esse novo parecer e atualização virá a público e terá pronunciamento pelas diversas entidades nacionais de saúde? Ou será que isso ficará novamente oculto e praticamente restrito a um pequeno grupo de pessoas que acabam vendo e lendo essas coisas?
Sabemos a resposta, pois a história se repete. Podemos vislumbrar o que ainda ocorre hoje em dia em relação ao ocultamento da verdade e manipulação de informações que dizem respeito à nossa saúde pelos principais órgãos e agências estatais e mídias tradicionais (por exemplo, o aumento do número de casos de dengue, com vacinas para a doença prestes a vencer, mas sem nenhum escândalo ou menção de genocídio, tal como ocorria na pandemia de covid-19), assim como também sabemos da falta de coragem e interesse em pedir desculpas e mostrar os erros cometidos no passado recente, visto que até hoje nada disso foi feito por nenhum deles em relação aos lockdowns, proibição do tratamento precoce, ineficácia do uso de máscaras e das vacinas.
De fato, a nossa saúde e bem-estar nunca foram o principal alvo desses órgãos e pessoas. E o que a pandemia nos revelou – e que ainda se encontra presente hoje em dia – é o interesse de certos grupos, tanto em nível nacional, quanto internacional, de ditarem o que é ou não bom para nós, no momento e do jeito que eles querem. A verdade, enquanto isso, continua amarrada e vislumbrada por poucos que a procuram e tentam trazê-la à luz.
Renato Jimenez Gomez é mestre em ciências da Saúde pela Universidade Santo Amaro e enfermeiro especialista em infecções relacionadas à assistência à saúde pelo Centro Universitário São Camilo.
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