A Universidade Federal do Paraná tem sido assediada pela efervescência do momento econômico e político atual, sem ser protagonista do processo. A sociedade espera explicação clara sobre as recentes invasões e suas consequências. A parte pirotécnica do processo está na mídia, enquanto milhares de estudantes, professores, técnicos e profissionais terceirizados procuram, de forma silenciosa, espaço para trabalhar e estudar.
A efervescência vem das reações às mudanças no ensino médio e às propostas de equilíbrio fiscal. Não vamos entrar aqui no mérito das questões. Vamos discutir a forma de manifestação.
A falta de protagonismo vem das invasões a reboque dos movimentos secundaristas. Um movimento sem pauta. A contribuição para o debate vem da maioria silenciosa, que está ajudando a UFPR a cumprir sua missão: fomentar, construir e disseminar o conhecimento, contribuindo para a formação do cidadão e o desenvolvimento humano sustentável.
uem ocupa somos nós, professores, técnicos e alunos. Eles invadem
Em nenhum momento a grande maioria dos professores, alunos e técnicos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Gestão da Informação, das várias engenharias, Odontologia, Fisioterapia e Agronomia deixou de ministrar e assistir aulas, fazer provas, apresentar trabalhos, dar continuidade a pesquisas de iniciação científica. Técnicos continuaram encaminhando contratos de estágio, documentação de formandos, processos para realização de concursos e contratação de professores. Professores e alunos participaram de congressos acadêmicos, eventos estudantis e seminários, inclusive recebendo auxílio financeiro. Essa maioria silenciosa continuou fomentando, construindo e disseminando conhecimento. Os terceirizados têm nos ajudado: vigilantes, porteiros e recepcionistas, todos alertas para prevenir novas invasões.
Isso acontece a despeito de vários espaços da UFPR estarem inacessíveis àqueles que ali estudam e trabalham. Muito disso acontece porque vários profissionais pedem licença aos invasores para adentrar suas salas e laboratórios de pesquisa ou, então, trabalham em casa. Seria isso uma incoerência? Mostraria o caráter pacífico das invasões? Comprovaria que as invasões não impedem o bom andamento das atividades da UFPR? Nada disso: os processos caminham porque a maioria silenciosa veste a camisa e carrega a tocha! Em tempos normais, não se pede escolta para chegar a sua mesa de trabalho.
Muitas aulas ocorrem em salas emprestadas, laboratórios improvisados ou até ao ar livre. Enquanto isso, o espaço original, adequado ao ensino e à pesquisa, está sitiado, pois alguns poucos se adonaram do espaço acadêmico e têm feito uso privado do espaço público.
Mas essa maioria silenciosa não tem condições de garantir a liberação de salas para a realização do vestibular; então, não consegue ajudar a UFPR a cumprir seu princípio de universidade pública, gratuita, de qualidade e comprometida socialmente. Essa maioria silenciosa consegue resolver problemas pontuais de pesquisas e eventos de alguns cursos invadidos. Mas muitos alunos dos cursos de Educação Física, Terapia Ocupacional, Enfermagem, Artes, Pedagogia, Arquitetura e alguns outros estão alijados do processo educacional, das aulas de encerramento do ano letivo, dos seminários e das provas e avaliações pertinentes aos processos de ensino.
Essa maioria silenciosa, quando tenta se organizar e participar das assembleias de estudantes e professores, quando tenta manifestar o contraditório, é violentamente oprimida por vaias, vetustas estratégias de vencer pelo cansaço, estendendo os debates até altas horas, além de só se permitir o voto presencial. Quando tentamos barrar as invasões, somos chamados de violentos. Ou seja, é ferido o princípio da liberdade na construção e autonomia na disseminação do conhecimento.
Quem ocupa somos nós, professores, técnicos e alunos. Eles invadem! Mas nós não temos todos os instrumentos para voltar à normalidade. Nós, a maioria silenciosa, precisamos de ajuda!