No mundo das redes todos os nós da rede interagem com todos em igualdade de circunstâncias. Ora, isso vai totalmente contra a forma como vem sido conduzida e entendida a nossa política
Lembrei-me da metáfora "Aves com a mesma plumagem voam em bando" quando tentei apresentar as redes sociais e a internet a um candidato a deputado estadual e recebi a seguinte resposta: "Não quero usar a internet porque vou ficar exposto". Tanto quanto você deve ter se surpreendido, assim também eu fiquei. O que é ser homem público senão estar exposto?
No fundo, esse candidato estava absolutamente certo. A internet e o ambiente das redes sociais são por suas naturezas totalmente democráticas e não têm algo ou alguém que as controle. As pessoas se reúnem e se aglutinam em torno de grupos ou comunidades com identificação própria e nesse contexto são praticamente anárquicas com a organização própria de cada plataforma ou programa em que se inserem Orkut, Facebook, Youtube ou Twitter, para ficar apenas nos mais famosos. Cada um acha a sua turma, cada um acha o bando da mesma plumagem com que se identifica.
Talvez seja isso que os nossos políticos ainda não entenderam bem que o poder de influência e de decisão está fugindo rapidamente do controle de uns poucos, sejam eles os cabos eleitorais ou meios de comunicação de massa. O poder de influência está quase totalmente nas mãos dos próprios consumidores e cada um pode ser tanto ouvinte como colaborador da comunidade virtual à qual pertence.
No mundo das redes todos os nós da rede interagem com todos em igualdade de circunstâncias. Ora, isso vai totalmente contra a forma como vem sido conduzida e entendida a nossa política. E aí o nosso amigo candidato a deputado citado acima está coberto de razão. Concordo que participando com seu perfil nas redes sociais da internet, esteja completamente exposto a ser criticado, filmado, citado e confrontado a qualquer momento e com uma abrangência do tamanho das redes que o cidadão inconformado pertença.
E "agora, José"? Como lidar com essa situação fora de controle? Simples, tão simples quanto o nosso internauta padrão acha e participa nas redes ou tão difícil quanto seja mudar um padrão de comportamento de anos e se adaptar a um mundo em que o controle praticamente não existe e a influência passa a ser a da transparência, do diálogo, de estar aberto a ouvir e responder as críticas, enfim à interação completa.
Isso mesmo, trabalhar a política nas redes sociais exige primeiro saber que nesse ambiente as palavras-chave são a transparência, o diálogo, a interação, o debate, a contribuição, a colaboração, a união em torno de identidades comuns, propósitos superiores que venham satisfazer e motivar as comunidades a participar e se engajar. Criar uma plumagem identificável.
Essa é a mola que impulsiona o crescimento das redes, qualquer um pode contribuir na construção de algo maior, ser uma estrela solitária e participar de um grupo vitorioso, é isso que está dentro de cada ser humano. Como fazer? Primeiro bastante planejamento, depois com ações específicas em cada rede e sempre com vontade sincera de também aprender.
António Moreira, professor de Administração, é consultor de marketing e especialista em redes sociais.
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