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Tomando como base o Relatório Mundial das Cidades 2022 da ONU-Habitat, que estima que 68% da população mundial viverá no meio urbano até 2050, os EcoDistritos surgem como soluções interessantes para reduzir os efeitos das mudanças climáticas. Se considerarmos que a previsão para daqui a 27 anos é que o número de habitantes do planeta seja 2,2 bilhões superior ao atual, o desafio de encontrar soluções sustentáveis de moradia fica ainda mais complexo.
E é nesse contexto que os EcoDistritos, bairros ecológicos planejados dentro de grandes centros urbanos, surgem como alternativa de ocupação ambientalmente consciente, com condições de resistir às transformações climáticas e sociais pelas quais as cidades devem passar nas duas próximas décadas. As pessoas e o meio ambiente são os norteadores das decisões tomadas nos EcoDistritos, que têm gestão inteligente em temas como economia de água, inovação e eficiência energética e acabam funcionando como pequenas cidades dentro de grandes centros urbanos.
Iniciativas sustentáveis e de ocupação planejada de áreas em centros urbanos já estão em discussão no Brasil.
Os espaços têm longas áreas para caminhada, conexão fácil com outros meios de transporte, como ciclovias e pontos de ônibus e metrô – dependendo da cidade em que estão alocados. Atualmente, os EcoDistritos são mais comuns na América do Norte, onde surgiram. Mas, a onda cresce em cidades francesas, como Rennes e no Principado de Mônaco. Outra característica destes bairros planejados é a presença de áreas verdes mais volumosas do que nas outras regiões do município, além de hortas comunitárias. O uso misto do solo, para transporte, plantio e caminhadas, também ajuda a revitalizar os EcoDistritos, que costumam contar com moradias populares, escolas públicas, creches e centros para idosos.
Com mais serviços concentrados nos distritos ecológicos, naturalmente eles têm maior autonomia e a tendência é que concentrem renda e possam gerar empregos em comércios instalados dentro do bairro, retendo seus moradores. As vantagens são deslocamentos mais curtos, o que traz economia de tempo e dinheiro e menos poluição gerada por veículos, fundamental se pensarmos no impacto em larga escala para um planeta que passa por mudanças climáticas cada vez mais notáveis.
Iniciativas sustentáveis e de ocupação planejada de áreas em centros urbanos já estão em discussão no Brasil, pautando debates sobre governança territorial, como o que pude moderar na última edição do Smart City Expo, com a presença de secretários e diretores de agências de inovação e um prefeito de importantes municípios de Santa Catarina e do Paraná. O futuro das cidades já vem sendo planejado e a hora de dar o próximo passo é agora.
Gastão Gonchorovski é diretor geral da INDESPAR e presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Fazenda Rio Grande (PROFAZ).