Senhor governador,

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Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentá-lo pela vitória nas últimas eleições.

Imagino que a esta altura, ao término da comemoração, o senhor há de encontrar um momento de extrema solidão diante do oceano infinito de desafios, e da consciência da pequenez do barco que dirige.

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Por onde começar? Deve ser uma pergunta recorrente.

Nós sabemos que amigos fiéis o rodeiam, assim como centenas de novos companheiros. Idéias e interesses se confundem.

No Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), temos refletido muito sobre esses assuntos, mesmo porque não é próprio dos engenheiros a prática da omissão; e somos 44.000 engenheiros no Paraná, e perto de 800.000 no Brasil.

Por onde começar? Nós também nos questionamos.

São numerosas as demandas, e muitos disputam o destaque de uma prioridade, quando sabemos que tudo é prioritário.

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Aliás, senhor governador, lamentavelmente não estamos tratando de coisa nova. Em 1917, o poeta poeta Olavo Bilac escreveu um prefácio para o livro "Lendas e Tradições Brasileiras", de Affonso Arinos. Dizia o poeta, em janeiro de 1917:

"Affonso Arinos resumiu, com precisão cruel, os males que nos adoecem e nos envergonham:

a dispersão dos bons esforços; o desamparo do povo do interior, dócil e resignado, roído de epidemias e de impostos; a falta de ensino; a desorganização administrativa; a incompetência econômica; a insuficiência; a ignorância petulante e egoísta dos que governam este imenso território, em que ainda não existe uma nação".

Qualquer semelhança com os tempos que vivemos não é mera coincidência.

Senhor governador,

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Lembramos que tudo começa com a educação, que, aliás, foi o tema que dominou também as campanhas. Os debates foram intensos, e tenho de admitir que estamos cansados.

Os cidadãos estão envolvidos, as metas mais do que definidas; sabemos que as escolas precisam melhorar a qualidade, ampliando as oportunidades para os excluídos da tecnologia. Enfim, já sabemos o que e como fazer. O que tem faltado é determinação e capacidade de decisão.

O Brasil, governador, assim como o nosso estado, é um país rico em energia e recursos naturais, mas é um país pobre.

O Japão é um país pobre em recursos naturais, mas é um país rico.

Os países ricos são ricos porque eles produzem riqueza. E os países pobres não são ricos porque não conseguem produzir riqueza em quantidade suficiente para o seu povo.

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Atentos a essa condição, os ricos investem na pesquisa científica e tecnológica. "Por exemplo: eles nos vendem uma placa de computador que pesa 100 g por US$ 250. Para pagarmos essa plaquinha eletrônica, o Brasil precisa exportar 20 toneladas de minério de ferro. A fabricação de placas de computador criou milhares de bons empregos lá no estrangeiro, enquanto que a extração do minério de ferro cria pouquíssimos e péssimos empregos aqui no Brasil.

Agora sabemos que, para o nosso Brasil tornar-se um país rico, com o seu povo vivendo com dignidade, temos de produzir mais riquezas."

E de nada adianta tentar lançar responsabilidades, que são nossas, para os países ricos. Eles já fizeram a lição de casa.

Governador,

A riqueza do seu estado está no campo e nas indústrias que se distribuem pelo nosso imenso território. E aí eu lembro novamente das promessas do período das eleições. Todos garantiram o desenvolvimento da produção, na cidade e no campo.

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Ocorre que de nada adianta aumentar a produção, se não forem criadas vias de escoamento adequadas. Elas é que vão fazer a riqueza circular, distribuindo os produtos para todos, e não só para alguns privilegiados. A eficiência dessas vias é que vai reduzir o custo dos produtos.

Educação adequada e produção não resolvem todos os nossos problemas, mas convenhamos é um grande começo. Um povo educado e produtivo preserva o meio ambiente, cuida melhor da saúde e desenvolve valores.

Como deve ter percebido, governador, somos engenheiros.

No estado somos 44.000, e no país quase alcançamos 800.000.

Eles são tão ou mais inteligentes do que qualquer engenheiro americano, japonês ou alemão. O IEP, com a autoridade de quem participa há 80 anos da história do nosso estado, afirma que o brasileiro não é inferior a ninguém, pelo contrário, dizem até que somos muito mais criativos do que os habitantes do chamado Primeiro Mundo.

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O professor Parigot de Souza, seu colega no cargo e também aqui no IEP, tinha a receita do sucesso: escolher entre os melhores!

Para ele, o estado não poderia servir de sala de aula para despreparados.