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O Brasil é um dos países que mais paga imposto no mundo. Nosso sistema tributário é quase uma chacota internacional. Burocrático, lento e caro. Nossa carga tributária está muito próxima da de países, como Áustria e Bélgica, ambos superdesenvolvidos, com ótimo sistema educacional, bons serviços de segurança e saúde. Muito diferentes daqui. É desproporcional.
A taxa tributária média do Brasil é de 34%, o que nos leva ao 4º lugar no ranking de países com a mais elevada carga tributária sobre empresas, ficando atrás apenas de Índia, Malta e Congo. Mas isso não é o pior: nosso país também possui uma das maiores tributações em relação à folha de pagamento, o que é péssimo, ainda mais levando em conta a taxa de desemprego.
Aumentar a taxação de quem cria empregos não é uma ideia muito sábia. Para as empresas e os trabalhadores brasileiros, custa em média cinco meses por ano apenas para pagar os tributos. Enquanto isso, a qualidade dos serviços oferecidos à população deixa muito a desejar. Sei que é essa pergunta é um clichê, mas não custa questionar: para onde vai o dinheiro dos nossos impostos?
Enquanto isso, os problemas se acumulam. Principalmente nas grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro, há falta de sistema de segurança efetivo, a saúde está sucateada e sobrecarregada e a educação segue ainda em pior estado. Estamos em 2022 e estima-se que mais de 35 milhões de brasileiros vivem sem saneamento básico. O volume de investimentos do setor público em infraestrutura é muito inferior ao da iniciativa privada.
Não é novidade, mas também temos um sério problema de distribuição de renda e alocação de recursos. São Paulo, o estado mais rico do país, tem renda per capita de R$ 48 mil, enquanto o Maranhão, um dos estados mais pobres da nação, tem renda de média de R$ 14 mil por habitante.
Também há a questão da assimetria em relação aos salários de servidores municipais, estaduais e federais. Enquanto os municipais têm média salarial de R$ 2,9 mil, os estaduais e federais recebem R$ 5 mil e R$ 9 mil, respectivamente. Ou seja, os estaduais recebem o dobro dos municipais e os federais, o dobro dos estaduais. Tremenda discrepância e sem sentido.
No Brasil com B de burocracia, contribuímos muito e temos pouco retorno. Nossa realidade consiste em muita desigualdade social. Claro, é possível mudar. Mas é preciso saber se aqueles que fazem as leis querem que algo mude. Por enquanto, parece que não.
Antonio Tuccilio é presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP).