O movimento de emigrantes brasileiros vem sendo notado desde o final da década de 1980. Eles estão deixando o Brasil por falta de esperança naquele que sempre foi conhecido como o “país do futuro”. Ocorre que o futuro parece estar demorando a chegar. Assim, alguns decidiram se aventurar em outros cantos do mundo. Migraram porque se ressentem da baixa qualidade do ensino, da falta de segurança e de assistência sanitária eficientes, além de outros serviços públicos essenciais.
A vida toda pensávamos que o Brasil era um país que recebia os imigrantes, de braços abertos. De fato, ele continua sendo um país de imigração, pois basta verificar que, entre 2011 e 2020, recebeu novos fluxos de imigrantes e refugiados de diversos países, a exemplo da Venezuela, Haiti, Bolívia, Colômbia, Argentina e Estados Unidos da América, Síria, Congo e Senegal.
Contudo, não se tinha uma ideia precisa de que, em 2020, 4,2 milhões de brasileiros já moravam no exterior. Isso significa que aproximadamente 2% da população do país morava fora do seu território. É de se ressaltar que, entre 2012 e 2020, houve um incremento de 122% nesse processo migratório.
E para onde teriam ido esses brasileiros? Desses emigrados, 46,06% se destinaram à América do Norte; 30,85%, à Europa; e 13,99%, para outros países da América do Sul. Agora, cabe dizer que o Brasil se tornou, também, um país de emigração.
Tudo indica que esse contingente emigratório aumentará em razão da deterioração do contexto político e econômico que se constata no país. Essa situação tem deixado os jovens brasileiros preocupados, pois não é somente a questão financeira que tem feito o brasileiro migrar. Mesmo quem tem um bom emprego não descarta a hipótese de viver e trabalhar no exterior. Agora é a diáspora brasileira que se agiganta no exterior.
Maria Gravina Ogata é geógrafa, mestre em Geografia Física, doutora em Ciência Política e escritora.