Bombas enviadas ao Rio Grande do Sul tem capacidade de drenar dois mil litros de água por segundo| Foto: Divulgação/Sabesp
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A emergência climática manifesta-se não apenas através de previsões apocalípticas, mas também nos eventos extremos já vivenciados em nosso cotidiano. Recentemente, a região serrana do vale do Rio Taquari, no Rio Grande do Sul, foi cenário de duas inundações e recordistas em menos de um ano, com a mais devastadora afetando amplamente a infraestrutura e a vida de milhares de pessoas e atingindo cerca de dois terços dos municípios gaúchos. Estima-se que os prejuízos desses eventos ultrapassaram os 300 milhões de reais, uma pequena amostra dos custos econômicos diretos dessas catástrofes.

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Essa tendência de eventos mais severos está diretamente associada ao aquecimento global, que intensifica a evaporação da água e, por consequência, a quantidade de chuvas. Fenômenos como o bloqueio da massa de ar polar pela massa de ar quente, que estava estacionada sobre o território brasileiro resultaram em precipitações anormais. Adicionalmente, o fenômeno climático El Niño intensificou essas condições, impactando com chuvas severas e inundações nas comunidades gaúchas.

Globalmente, o panorama não é menos preocupante. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o aumento na frequência de eventos extremos é uma tendência clara e diretamente associada ao aquecimento global. A alteração nos padrões de precipitação, resultantes do aumento das temperaturas, podem tornar eventos como as chuvas intensas e inundações mais frequentes e severas. 

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A América do Sul, e o Brasil em particular, enfrentam desafios únicos, devido à sua vasta biodiversidade e geografia diversificada. A região é menos conhecida por fenômenos como terremotos ou furacões, mas as enchentes, inundações e secas extremas estão se tornando cada vez mais comuns. Por exemplo, a seca recordista de 2020-2021 teve impactos significativos na produção agrícola e no fornecimento de água e energia, demonstrando como eventos climáticos podem afetar setores decisivos da economia.

Para lidar com esses desafios, é essencial que o Brasil invista em estratégias de adaptação e mitigação. Isso inclui melhorias na infraestrutura, como alertas eficazes de riscos de desastres, sistemas de drenagem e barragens controladas, além da implementação de políticas públicas que priorizem a gestão sustentável de recursos hídricos e fortalecimento das defesas civis. Também, é fundamental a formação de fundos de emergência que possam responder prontamente a desastres naturais, minimizando prejuízos humanos e materiais. 

Outro aspecto importante é fortalecer os estudos científicos e aumentar a conscientização sobre a importância da preservação ambiental. O desmatamento, ao modificar a cobertura do solo, eleva as temperaturas locais e contribui para o desequilíbrio climático. Apoiar medidas de mitigação e garantir a execução de políticas ambientais rigorosas são etapas vitais para enfrentar esses desafios. 

A crise climática exige uma mobilização ampla e integrada para limitar seus efeitos nocivos. Isso inclui combater falsas informações sobre o clima, incentivar o consumo de produtos locais, apoiar políticos comprometidos com a sustentabilidade e demandar transparência das empresas sobre suas práticas ambientais. 

Estamos diante de um desafio monumental, mas com determinação e ações conscientes, podemos minimizar os impactos adversos do aquecimento global e garantir um futuro mais seguro. Cada gesto conta e, juntos, podemos construir uma resposta coletiva à altura dos desafios que enfrentamos. 

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Larissa Warnavin é geógrafa, mestre e doutora em Geografia e docente da área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]