Quando eu estava presidente do Conselho de Administração de uma entidade e estive reunido com autoridades do Ministério da Economia, em Brasília, ouvi da cúpula da pasta que o turismo foi um dos setores mais prejudicados com a Covid-19. E também ouvi que quem sobrevivesse contaria com a ajuda da pasta.
Com o apoio das várias entidades e empresas signatárias do movimento Supera Turismo Brasil, tratamos de agir e, de fato, conseguimos alcançar os objetivos, atingir as metas pretendidas. Sobrevivemos. Agora, um novo desafio se impõe. É preciso demonstrar o equívoco do governo em manter a cobrança de 25% de Imposto de Renda sobre as remessas ao exterior, para pagamento de produtos e serviços turísticos.
Ao contrário do que o senso comum possa supor, inibir viagens ao exterior com tributação é desconhecer que o turismo é uma via de mão dupla.
Os aviões que trazem os passageiros estrangeiros ao Brasil são os mesmos que dependem dos brasileiros para também embarcarem em voos internacionais. Aviões vêm e vão.
Sob a ótica do mercado de viagens e eventos corporativos, inibir, ou melhor, na prática, inviabilizar viagens internacionais impacta negativamente sobre venda de produtos e serviços exportados (ou com potencial para exportação). Ou seja: é ilusão acreditar que a medida tributária possa favorecer a balança comercial.
Aliás, prejudica também a imagem do Brasil sob a ótica dos investidores, de fora e dentro, potencialmente interessados em produzir no país e gerar renda para os integrantes da população economicamente ativa. Referidos investidores contam com sistemas de gestão de qualidade comprovada; segurança jurídica; incentivo tributário e com múltiplas linhas de crédito atrativas e acessíveis ao MEI, micro, pequeno, médio e grande empreendimento.
Vale lembrar que turista é todo aquele que consome ao menos um pernoite em outra cidade. Que sejam pernoites rentáveis e acessíveis a todos que ofertam o melhor ROI ao turista.
Medida mundialmente, a dimensão social do turismo alcança um de cada nove integrantes da população economicamente ativa.
A dimensão econômica do turismo também não se restringe a gerar um único e elevado dígito porcentual (8%) na composição do Produto Interno Bruto brasileiro e ocupar posição de liderança no ranking das atividades econômicas que mais participam do PIB.
É extraordinário o Brasil ter sido também reconhecido como o líder mundial no ranking dos países com mais atrativos turísticos naturais e o oitavo em atrativos culturais. Cenário que contrasta com a pífia chegada de cerca de 6 milhões de turistas estrangeiros, estagnada nos últimos anos.
É sabido, mas necessário lembrar aos governantes: a movimentação de turistas impacta mais de 50 setores econômicos. Muitos deles prosperam com o aumento do consumo nos destinos turísticos, para os quais, também, os diferentes modais transportam cargas.
Diante de tantas evidências e de tantos desapontamentos sucessivos, cabe indagar: quando o turismo será levado a sério pelas autoridades? Até quando a atividade será secundarizada na ordem das coisas, por conta da miopia de gestores e de órgãos decisores? Quando teremos, de fato, um plano de Estado à altura da relevância econômica e social do turismo? Afinal de contas, turismo é fonte extraordinária de riqueza e não um mero “lazerzinho”, como parece ser a percepção de quem pensa menor.
O momento é crucial, requer atenção e ação. O desafio? Agilidade!
Carlos Prado é CEO do Grupo Tour House e cofundador do movimento Supera Turismo Brasil.
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