Preservar as florestas brasileiras é, finalmente, uma atividade lucrativa. Manter a floresta em pé é mais rentável do que criar gado ou plantar soja. Isso porque o Brasil vive o boom do mercado de carbono. O cenário nunca foi tão favorável para o setor – e tão financeiramente favorável para os proprietários de terras. E o mundo todo ganha com isso.
Os desafios para conter o aquecimento global nos próximos anos são gigantescos. O Acordo de Paris, firmado na capital francesa em 2015 e em vigor desde 2016, definiu planos com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para limitar o aumento médio de temperatura global a 2ºC, quando comparado a níveis pré-industriais. Em 2021, o Brasil anunciou a meta de reduzir as emissões de carbono no país em 50% até 2030 e zerar até 2050. Mas o trabalho precisa começar agora, com urgência. Estamos muito atrasados.
Ouvimos durante muito tempo que floresta em pé não dá dinheiro. Isso mudou drasticamente com a geração de créditos de carbono para produtores rurais por meio da conservação de áreas florestais dentro de suas propriedades.
Além do ganho ambiental, a manutenção em pé do excedente da reserva obrigatória por lei é transformada em resultado financeiro para os proprietários. E hoje o mercado de carbono está em alta, com o valor pago pelas toneladas de carbono crescendo de forma exponencial. Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de gás do efeito estufa não emitida. No início do ano passado, o valor da comercialização era de US$ 4 por tonelada de carbono equivalente. No fim do ano, estava US$ 8 e hoje está US$ 15. Muita gente fala que logo chegaremos a US$ 100 por tonelada. O produtor está ganhando dinheiro para não derrubar a floresta.
Hoje o principal foco são os projetos REDD+ (sigla para Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), que funcionam gerando créditos de carbono a partir da conservação de vegetação nativa por meio de abordagens em propriedades privadas e em áreas públicas. São dois públicos: proprietários das terras onde é feita a preservação e aqueles que querem comprar esses créditos, geralmente grandes investidores que buscam, por enquanto de forma voluntária, reduzir ou até mesmo neutralizar as emissões de carbono em suas empresas por meio da compensação com a compra dos créditos.
Atualmente, as companhias de crédito de carbono gerenciam cerca de 30 projetos de REDD+ no Brasil. Ao fim deste ano, esses projetos vão reduzir 20 milhões de toneladas de gás do efeito estufa. Ou seja, essa é a quantidade que deixará de ser emitida. E a expectativa é de que o número de projetos no país cresça 10 vezes até 2030.
O mercado explodiu nos últimos anos, não só por tendência ou por altruísmo das empresas, mas também porque trata-se de um posicionamento de mercado. Ninguém quer ficar de fora. E, no futuro, ninguém poderá ficar. Quanto antes avançarmos, mais espaço o Brasil conquista como protagonista do setor e mais florestas são salvas.
Bruno Brazil é engenheiro florestal e fundador da brCarbon.
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