Consumidora faz compras em supermercado de Buenos Aires.| Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE
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A maior dificuldade do capitalismo em penetrar nos países com governos altamente intervencionistas (vulgo esquerda) é o discurso de que o capitalismo explora os pobres, o que é falso. Imagine que estamos presos em uma ilha deserta com poucos recursos; o capitalismo é o mar turbulento e o sucesso é uma ilha paradisíaca que todos queremos alcançar.

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Pois bem, estamos todos em igualdade de recursos, porém há alguns que possuem mais conhecimento para preparar embarcações superiores. Alguns fazem barcos que mal flutuam, outros dominam recursos como o direcionamento do vento. É fato que nem todos conseguirão alcançar o sucesso na outra ilha. É fato que o conhecimento é um recurso importante aqui e que este conhecimento gera uma vantagem competitiva, uma desigualdade que sempre usam nos discursos da esquerda.

Em suma, o capitalismo é uma força cega da natureza que precisa ser direcionada para evitar abusos e ser justo. Se houver liberdade, o capitalismo inevitavelmente vai se desenvolver

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A ideia de ter uma entidade que ofereça educação, capacitação e minimize as desigualdades surgiu da demanda de que a competição seja mais justa e de que haja equidade entre os competidores, e assim surgiu o Estado. Com o advento do surgimento do Estado, novos problemas surgiram: a corrupção, a ineficiência e as burocratizações, que são problemas típicos do Estado e que também atrapalham o capitalismo, em especial em países subdesenvolvidos com educação precária.

O fato é que saímos da selva primitiva onde caçávamos para sobreviver e transformamos em outro tipo de selva, com outro tipo de luta pela sobrevivência, onde a luta não é mais física, mas sim intelectual. Ainda vale a lei do mais forte, neste caso o mais inteligente e capacitado. Mas quem deveria minimizar as desigualdades e oferecer capacitação para todos em busca da justiça e da equidade? Sim, o Estado.

Mas o Estado tem real interesse que o povo estude e se capacite se um povo ignorante é mais fácil de ser governado? Não, as demandas de um povo culto e educado são muito maiores, e políticos com gosto pelo totalitarismo sabem que um povo assim nunca será subjugado.

Em suma, o capitalismo é uma força cega da natureza que precisa ser direcionada para evitar abusos e ser justo. Se houver liberdade, o capitalismo inevitavelmente vai se desenvolver. É intrínseco à natureza humana trabalhar, buscar a evolução e enriquecer. O capitalismo nunca deve ser combatido, apenas direcionado, e quando o capitalismo falha é porque o Estado falhou no correto direcionamento por falta de liberdade econômica.

Entender que o capitalismo é como um mar e que estamos todos no mesmo mar com barcos melhores e piores ajuda a entender que o capitalismo não é mau; esse mar é inevitável, e o primeiro passo para enfrentar um problema é entender a natureza desse problema, o que inclui também a natureza humana.

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Ninguém vai querer trabalhar, se esforçar e se capacitar se todos vão ganhar barcos iguais ou muito parecidos. O mérito precisa ser recompensado; essa é a natureza do ser humano, e a estratégia a ser adotada obrigatoriamente precisa considerar a natureza coletiva e individual dessa batalha.

O correto entendimento dessas naturezas é essencial na assertividade da estratégia adotada. Apenas assim conseguiremos chegar juntos à ilha paradisíaca do sucesso capitalista.

Gustavo Reichenbach, formado em Processamento de Dados e Hotelaria, é investidor autônomo da construção civil.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]