O secretário da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, estava em um dia especialmente infeliz quando declarou que "o problema do Paraná é o Brasil; [e que] se fôssemos um estado independente cresceríamos 5% ao ano, e não apenas 1% como o país em 2012". Pior: declarou que vem dizendo isso há 30 anos.
Com o devido respeito, esse é um argumento separatista que teve certa popularidade nas décadas de 50 e 60 do último século, quando floresceram no Norte e no Oeste do Paraná ideias de um estado do Paranapanema ou de um estado do Iguaçu, mutilando o nosso território paranaense. Felizmente, esse argumento falso e essencialmente egoísta foi sepultado há muito tempo pelas lideranças mais lúcidas. Falso e egoísta, pois desconhece que o Paraná moderno só existe porque para cá afluíram milhões de brasileiros de todas as partes além dos imigrantes estrangeiros que transformaram recursos em riqueza, como diria Roberto Campos. Tínhamos recursos naturais abundantes, mas esses recursos permaneciam e teriam permanecido dormentes se não tivessem recebido o trabalho árduo e o conhecimento tecnológico daqueles que povoaram nosso estado: paulistas, mineiros, nordestinos, gaúchos, catarinenses, fluminenses que construíram, juntamente com os estrangeiros, o cadinho em que se forjou o espírito paranaense, como dizia Bento Munhoz da Rocha.
Lamentar as injustiças do pacto federativo brasileiro é anacrônico e inócuo. Que ele privilegia a União não é novidade para ninguém, mas esse fato não nos atinge isoladamente nem é recente. Historicamente o Brasil tem sido um Estado centralizador desde suas origens e os resultados dessa centralização para o bem e para o mal são sentidos por todos os entes federados há muito tempo.
No entanto, poderíamos pelo menos evitar o agravamento de nossos problemas financeiros agindo com maior cautela nas questões públicas e o crescimento descontrolado da máquina administrativa é um deles.
O problema é generalizado, até em municípios minúsculos: em um deles, com uma população total de 4.500 habitantes, existem dez secretarias municipais; o mesmo número de outro, com menos de 1.400 habitantes. Por que o número 10 me chamou a atenção? Porque esse era o número de secretários de estado do Paraná no tempo do governo de Jayme Canet Jr., quando ocupei a Secretaria de Planejamento. Ou seja, um estado com mais de 6 milhões de habitantes naquele tempo era governado por um grupo de executivos minúsculo para os padrões atuais. E modéstia à parte não fizemos feio, tendo construído 4.300 km. de rodovias , 6 mil salas de aula, implantado o Estatuto do Magistério e muito mais. Atualmente são 30 secretarias de Estado e órgãos assemelhados. O município de Curitiba, por sua vez, tem 41 secretarias municipais e órgãos de primeiro escalão. Se o governador ou o prefeito resolverem dedicar uma hora por semana para cada um de seus subordinados diretos, não farão mais nada de segunda a sexta-feira.
Não é de estranhar que falte dinheiro.
Belmiro Valverde Jobim Castor é professor do doutorado em Administração da PUCPR.
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