Prezado governador, há informações vitais sobre a educação no Paraná que são de seu interesse. O Departamento de Pesquisa do Instituto Alfa e Beto analisou os dados do Enem de 2013, que o Inep divulgou tempos atrás, e concluiu que o ensino médio é o exterminador do futuro dos jovens, se continuar a ser conduzido no formato em que está. Cabe ao senhor reverter esse quadro.
O ensino médio é a principal responsabilidade dos governos estaduais na área de educação. E não é possível ficar sem respostas claras, considerando o quadro que o país nos apresenta. Os resultados da prova objetiva mostram que, no plano nacional, a média foi de 513 pontos, sendo 554 nas redes privadas e 479 nas redes estaduais. No Paraná, esses resultados foram de 484 pontos para as escolas da rede estadual e 554 pontos para as da rede privada. O estado ficou em sexto lugar dentre as redes estaduais. Tais resultados são medíocres, mas a diferença entre as duas redes é gigantesca.
No Brasil como um todo, apenas 1,8% dos alunos das escolas estaduais atingiram mais de 600 pontos; esse índice foi de 42% para as escolas privadas, o que significa que são os seus alunos que ingressam nas melhores universidades. As diferenças não param por aí. Os alunos de mesmo nível socioeconômico ganham cerca de 30 a 40 pontos quando estudam em escolas privadas. Estudar em escola pública precisa ser uma maldição? O que pode mudar essa realidade? A gestão das escolas faz uma enorme diferença. Há algo intrinsecamente ineficiente no modo de operar das escolas públicas.
Esses resultados combinados mostram que o ensino médio ministrado pelas redes públicas não apenas é de baixa qualidade, mas é mais ineficiente. Essa mistura explosiva contribui para aumentar as desigualdades sociais e retirar da juventude a perspectiva de um futuro melhor.
Mas tem mais, governador. No país, apenas 50% dos que começam o ensino médio chegam ao fim do ciclo. No seu estado os números não são muito diferentes disso. Onde está o erro? No Enem? Nos alunos? Nas escolas?
Se a experiência dos países desenvolvidos nos servir, a resposta é simples. Primeiro, é preciso melhorar, e muito, o ensino fundamental. Os alunos que hoje chegam ao ensino médio não estão habilitados ao sucesso. O ponto de partida é fraco. Segundo, é preciso diversificar o ensino médio, oferecendo cursos diferentes, de caráter profissionalizante e em escolas separadas, com essa vocação. E disso, claro, resultarão diferentes tipos de exame, e não apenas um único Enem.
Cabe ao seu governo trazer esperança para a juventude do Paraná. E ampliar suas chances no mercado de trabalho. Se não agir, o ensino médio continuará a cumprir o triste papel de exterminador das motivações e das oportunidades. A juventude é o nosso futuro. E este está em suas mãos, governador. João Batista Araujo e Oliveira é presidente do Instituto Alfa e Beto.
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