Relacionar as causas e seus efeitos é, sem dúvida, fundamental para a compreensão de qualquer processo, tanto nas Ciências Naturais como nas Humanas. Na sociologia e na política, também buscamos estabelecer leis que relacionem as causas e seus efeitos.
A lei da oferta e da procura nas economias de mercado mostra, claramente, que os preços são o efeito; a oferta e a procura, suas causas. Se a procura por um produto cresce e sua oferta permanece inalterada, seu preço sobe. Assim, temos várias outras combinações possíveis e o efeito no preço será sempre previsível.
O poder dos homens nasce do conhecimento que eles possuem das leis das ciências naturais e humanas. Um governante ignorante que não conhece a lei da oferta e da procura tenta, inutilmente, congelar ou controlar preços, e sempre fracassa. Um governante sábio trabalha usando a lei da oferta e da procura, abre mercados, permite importações, aumenta ou diminui determinados tributos e consegue, com isso, administrar preços dentro de certos limites.
Quem sabe que não pode tudo pode mais do que quem pensa que tudo pode. Não existe nada mais revolucionário e transformador que dar ao povo consciência das causas maiores de seus problemas e desgraças.
No Brasil, na maioria das vezes, o discurso político trata dos efeitos e não fala das causas ou, então, aponta causas erradas. O exemplo claro do discurso demagógico, falso, vazio e inútil é: "Precisamos de mais segurança, melhor educação, taxas de juros mais baixas, estradas menos esburacadas, melhor assistência à saúde, melhores salários, etc." Nesse discurso, em nenhum momento apontam-se as causas de não termos maiores salários, melhor saúde, melhores estradas, etc.
Os exemplos de causas erradas de nossos problemas também são clássicos: o FMI, os ianques, a burguesia, as perdas internacionais, a ganância dos banqueiros e dos comerciantes, as multinacionais, os neoliberais ou os comunistas. É incrível, mas ainda temos milhões de brasileiros que acreditam nessas tão fáceis quanto falsas explicações.
Ao exercer nosso voto, precisamos ter um critério para a escolha dos melhores. Não podemos mais eleger demagogos mal-intencionados ou ignorantes bem-intencionados. É preciso procurar os candidatos que falem das causas reais de nossos problemas e que tenham sugestões de como atuar sobre elas.
Finalmente, nasce, no Paraná, um movimento inteligente, simples e que vai direto a algumas das causas reais de nossas mazelas. Refiro-me ao movimento encabeçado pela Associação Comercial do Paraná e pela OAB Seção Paraná, intitulado "Quero um Brasil Melhor". O movimento luta por três conquistas simples, mas absolutamente revolucionárias e transformadoras:
1) redução no número de deputados federais de 513 para 180 (um deputado para cada um milhão de habitantes);
2) redução dos mais de 100 mil cargos de confiança no serviço público e sua substituição por funcionários competentes e concursados;
3) separação, no preço de cada mercadoria, do valor dos tributos que estão embutidos nesse preço.
O movimento tem um discurso que é o oposto dos discursos demagógicos, pois vai direto às causas de nossos problemas. É claro que:
1) quando tivermos uma Câmara Federal com 180 deputados de alto nível, que não recebam mensalões, não ganhem dinheiro com a venda de ambulâncias e não fabriquem tantas pizzas e dançarinas da impunidade;
2) quando já não tivermos 100 mil cargos de confiança que podem ser destinados para pessoas (parentes e apadrinhados políticos) que se servem da nação em vez de servi-la;
3) quando todo brasileiro souber, em cada compra que faz, o quanto paga de tributos (40% do Produto Interno Bruto)...
Ah! quando isso acontecer, teremos as necessárias reformas política, tributária, da legislação trabalhista, da previdência e outras, todas dependentes da Câmara Federal. A lógica é simples: se a Câmara dos Deputados não faz as reformas de que precisamos, então vamos reformar a Câmara.
Quando essas três simples conquistas, perfeitamente possíveis, forem realizadas, teremos melhores escolas, mais saúde, melhores estradas, melhores portos... Finalmente, o mais importante: teremos parlamentares que servirão de exemplo para os nossos jovens, por sua sabedoria e dedicação aos interesses maiores da nação.
Oriovisto Guimarães é professor, diretor-presidente do Grupo Positivo e reitor do UnicenP Centro Universitário Positivo.