Depois do descompasso com os demais setores da economia brasileira nos últimos anos, a indústria experimenta um momento positivo e de oportunidades. Políticas públicas favoráveis, perspectiva de aquecimento do consumo interno e das exportações, ao lado da recuperação dos investimentos, formam uma “tempestade perfeita” para alavancar o protagonismo das empresas de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Os sinais positivos são consistentes. A estimativa de crescimento do PIB neste ano, ao redor de 2,5%, considera uma maior participação da indústria, com alta de 2,4%, frente à estagnação em 2023 (aumento de apenas 0,2%) e queda de 0,7% em 2022, segundo o IBGE. Elevação expressiva, de 3,9%, foi registrada somente em 2021, mas antes ocorreram outros dois recuos seguidos – de 4,5% em 2020 e 1,1% em 2019.
As perspectivas do reforço do peso das indústrias na produção de nossas riquezas se materializam ainda no aumento da geração líquida de postos de trabalho, na expansão de concessões de crédito e em indicadores de atividade da construção civil e importações de bens de capital. Iniciamos o segundo trimestre de 2024 com a aceleração mais intensa no setor em quase três anos diante de entrada acentuada de novos negócios em abril.
Isto acontece em um contexto de diálogo das empresas com os poderes constituídos. A indústria aponta o que precisa mudar e os novos caminhos. Movimento que já resultou em uma política pública robusta – a Nova Indústria Brasil (NIB) e o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), este específico para a indústria automotiva, são exemplos de melhoria das condições de competitividade e segurança jurídica.
O Brasil ganha com uma indústria forte e regras claras. A aprovação da Reforma Tributária é outro gesto positivo na construção de um ambiente mais favorável à atividade de transformação, que ainda precisa de mais inovação para alcançar a Indústria 4.0, e de outros aperfeiçoamentos estruturais. Mas as bases estão lançadas e jogam afavor.
O cenário ao nosso redor também é promissor. Como o Brasil é protagonista regional, nossa indústria é aberta a representantes de vários países. Sai a globalização e temos um momento com olhar mais regional. O Brasil é friendshoring– um mercado reconhecido como fácil de fazer negócios. Além disso, a indústria apoia blocos econômicos e se coloca favorável aos acordos internacionais, como a aproximação do Mercosul e com a União Europeia.
Essa “conexão perfeita” impacta positivamente em toda a economia, na geração de renda e empregos, nas vendas externas, na confiança crescente do mundo perante o mercado nacional, no desenvolvimento de novas tecnologias e produtos. E sinaliza uma indústria pronta a evoluir cada vez mais, com histórica força competitiva e um horizonte de sustentabilidade.
Gustavo Bonini é diretor de Relações Institucionais da Scania Operações Industriais e vice-presidente da Anfavea.