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Num país em que 35 milhões de pessoas vivem sem acesso à água potável, morar à beira de rios e lagos seria considerado um privilégio. Contudo, por coincidência, ou não, milhares de famílias brasileiras vivem sem o básico: a água tratada. É o caso da comunidade Nossa Senhora do Livramento, situada próxima ao Rio Negro, zona rural de Manaus (AM). Fundada há 50 anos e com aproximadamente 600 moradores, jamais teve acesso à água potável e tratamento de esgoto.

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O mesmo acontece na Ilha do Bororé, localizada às margens da Represa Billings, zona sul de São Paulo (SP). Mesmo dentro de uma grande metrópole, a situação precária de higiene e saúde se instala e prejudica incessantemente um número elevado de pessoas. Na ilha, em razão da falta de infraestrutura na comunidade, é comum, entre os seus quase 5 mil habitantes, idas frequentes a unidades de saúde com sintomas de quadros virais, como diarreia, enjoo, febre, vômito e calafrios. Mas, mesmo que frequentes, esses sinais não podem ser ignorados, já que também são sintomas de leptospirose, hepatite A, diarreia bacteriana e febre tifoide, doenças que anualmente levam 15 mil pessoas à morte no Brasil, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

Num país em que 35 milhões de pessoas vivem sem acesso à água potável, morar à beira de rios e lagos seria considerado um privilégio. Contudo, por coincidência, ou não, milhares de famílias brasileiras vivem sem o básico: a água tratada.

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Vale lembrar, ainda, que o acesso à água potável impacta não só a saúde, o bem-estar e qualidade de vida da população, como também movimenta a economia nacional. Entre os benefícios, podemos destacar, por exemplo, a redução significativa nos gastos com saúde, o aumento da produtividade no trabalho, a valorização imobiliária e o estímulo ao turismo local. Além disso, devemos levar em conta que a água é matéria-prima para produção de mercadorias dos mais diversos segmentos.

Contudo, a burocracia é um obstáculo para resolver o problema; construir estações de tratamento de águas (ETA) pode levar décadas no Brasil. Mas existe uma saída. Tecnologias desenvolvidas por startups tornam o processo mais prático, eficiente e acessível. Na Ilha do Bororé, por exemplo, em parceria com a associação local de moradores, a Amib, desenvolvemos o Projeto Nascente, que tem como proposta a arrecadação de fundos para a instalação do PW5660, um sistema de purificação de água compacto capaz de filtrar quase 6 mil litros de água por dia. O filtro pesa apenas 12 quilos e atende até 100 pessoas, se considerarmos que cada uma utiliza, em média, 50 litros ao dia para beber, tomar banho e cozinhar.

Contudo, a burocracia é um obstáculo para resolver o problema; construir estações de tratamento de águas (ETA) pode levar décadas no Brasil. Mas existe uma saída. Tecnologias desenvolvidas por startups tornam o processo mais prático, eficiente e acessível.

As startups criam soluções para problemas socioambientais por meio de tecnologias inovadoras e, por isso, a parceria entre governos e esse perfil de empresa é uma alternativa eficiente e rápida para combater a falta de água potável não só para populações ribeirinhas, como para os milhares de brasileiros que vivem a mesma condição.

Fernando Silva é CEO da PWTech, startup voltada para a purificação de água contaminada.

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