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 | Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

A situação geral da economia brasileira indica que as dificuldades devem perdurar em 2017. Medidas corajosas e audaciosas precisam ser tomadas com urgência para demarcar a retomada do desenvolvimento, numa demonstração concreta de que o governo rompeu de vez a timidez diante dos desafios.

Há nove meses no poder, o governo ainda não mostrou a capacidade de apresentar à sociedade um choque de gestão capaz de romper com o modelo nefasto dos últimos anos. As medidas até aqui parecem paliativas, como é o caso da liberação do FGTS, um direito do trabalhador que pouco impacto terá diante da gravíssima crise que vivemos.

Carecemos de decisões políticas acertadas, o que não vimos até agora. Não se trata de pessimismo, mas de realismo. Temos de provocar os que nos governam a sair da clausura de Brasília e a se dar conta de que o país real cansou de pagar uma conta que vai se tornando impagável.

É fácil aumentar impostos, mas é preciso coragem para reduzir a pesada máquina administrativa. O funcionalismo público está agigantado e custa muito para quem produz e paga impostos. Entra governo, sai governo e nada de concreto é realizado nesse sentido, levando a cidadania a concluir que neste momento não há nem sequer uma linha de raciocínio que transmita confiança.

É fácil aumentar impostos, mas é preciso coragem para reduzir a pesada máquina administrativa

É urgente a criação de ambiente de negócios favorável ao empreendedorismo. Muito se fala em reforma trabalhista. A CLT é da década de 40, inspirada na fascista Carta del Lavoro e, desde então, vem recebendo remendos que só favorecem o sindicalismo, em detrimento dos empregadores. Poucos tiveram coragem, até hoje, de enfrentar a questão essencial para que o país cresça de forma sustentável. Temos um dos mais altos encargos trabalhistas do mundo. A empresa obrigada a fechar as portas nunca sabe qual é seu real passivo trabalhista. Algo está errado quando, segundo recente levantamento, 95% das decisões da Justiça do Trabalho são favoráveis ao trabalhador. Algumas, é claro, são justas, mas a maioria é injusta. Isso tem um peso muito grande na hora de o empresário decidir por novos empregos e investimentos.

O marasmo administrativo estimula a estagnação da produção industrial e do consumo, além de alimentar o fluxo crescente do desemprego de milhões de pessoas, sem que o governo consiga enxergar a extrema necessidade de cortar custos administrativos.

Outro exemplo da leniência governamental são as elevadas taxas de juros praticadas livremente pelo sistema financeiro, incluindo os bancos públicos. Trata-se de algumas das maiores taxas de juros da economia mundial e, por esse motivo, altamente restritivas à obtenção de crédito para fomentar o consumo. O governo tem medo de mexer na sangria provocada pelo sistema financeiro na economia, diante da evidência de que os bancos públicos se beneficiam do garrote imposto aos consumidores por meio dos juros dos cartões de crédito e cheques especiais.

O Brasil não merece viver de remendos institucionais que o caracterizam como o “país dos puxadinhos”, algo absolutamente inaceitável no ordenamento jurídico de um Estado que se pretende moderno, democrático e justo. Os empreendedores de todos os portes, que nos últimos 30 meses de retração da economia deram sua contribuição, perguntam: Quando o governo começará a fazer a sua parte?

Gláucio Geara, empresário e ex-secretário da Fazenda do Paraná, é presidente da Associação Comercial do Paraná.
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