As cidades inteligentes, ou smart cities, já são realidade. Em alguns municípios os gestores públicos já investem em tecnologias capazes de promover mobilidade, segurança e fluidez. Como resultado, a população desses locais se beneficia de soluções inteligentes e sustentáveis, baseadas em inovações que melhoram o bem-estar e a qualidade de vida de todos os cidadãos, que é o verdadeiro objetivo de uma smart city. Com recursos avançados e abordagens orientadas por dados, esses municípios aprimoram áreas estratégicas e promovem a sustentabilidade, simplificando serviços e otimizando as operações.
Segundo levantamento divulgado este ano pela Câmara de Smart Cities da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) e pela Academia Fiesc de Negócio, a expectativa é de que o mercado global de tecnologias voltadas à modernização das cidades para torná-las inteligentes suba dos atuais US$ 511,6 bilhões para US$ 1 trilhão até 2027, o que mostra que estamos caminhando para chegar a um futuro em que os cidadãos terão suas demandas atendidas com o auxílio da tecnologia e da inteligência.
Os recursos tecnológicos disponíveis para tornar as cidades mais eficientes garantem economia de energia, sustentabilidade e, mais que isso, uma gestão mais ágil.
Apesar disso, ainda há muitos desafios pela frente. É necessário ter vontade política para acelerarmos o passo. Já sabemos que os recursos tecnológicos disponíveis para tornar as cidades mais eficientes garantem economia de energia para o município, sustentabilidade econômica e ambiental e, mais que isso, uma gestão mais ágil e assertiva. É fundamental que os gestores revejam seus planos diretores e projetem investimentos em ciência, tecnologia e inovação.
No município de Vila Velha (ES), por meio de Parceria Público Privada (PPP), o Consórcio SRE-IP, assumiu a operação e manutenção das unidades de iluminação pública, da implantação de iluminação de destaque nos principais patrimônios culturais da cidade, além da modernização e aumento da eficiência de todas as unidades de iluminação pública do município, que corresponde a mais de 37 mil luminárias de LED, sendo 50% delas gerenciadas pelo sistema de telegestão nas vias principais de tráfego intenso, através do Centro de Controle Operacional -- CCO. Além disso, houve redução significativa do consumo da cidade com energia elétrica, chegando a 63,59% de queda no valor gasto pela prefeitura.
Este é apenas um dos exemplos que podemos citar de municípios que estão se modernizando e tornando o cidadão parte do processo de transformação digital. Um governo inteligente emprega tecnologias para aprimorar a eficiência, transparência e participação cidadã nas tomadas de decisão e na gestão, permitindo um maior envolvimento da população em processos democráticos e na definição de políticas públicas.
Para isso, é preciso olhar para o futuro e basear seus projetos nos eixos das cidades inteligentes orientados pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, deve-se contar com o apoio da ciência para criar as ferramentas necessárias. Inovação se constrói com pesquisa e desenvolvimento e por isso precisamos do apoio contínuo de centros universitários e institutos de pesquisa que atuem para criar soluções que conectem pessoas, empresas e órgãos públicos a fim de gerar um grande ecossistema de ferramentas modernas e prontas para atender as mais diversas demandas da população. Em linhas gerais, podemos afirmar que a academia está preparada e pronta para colaborar com esse objetivo. É vital que a vontade política caminhe junto na mesma direção.
Regiane Relva Romano, mestre e doutora em Tecnologia da Informação, é diretora do Smart Lab do Centro Universitário Facens.