Em conversão justamente louvada, o presidente reeleito decidiu assumir pessoalmente e em tempo integral as articulações políticas para a simultânea montagem do novo governo e da base parlamentar de apoio.

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Por enquanto, sem pressa, com o prazo de um mês e vinte dias gasta o tempo nas conversas preliminares com as lideranças que giram na constelação palaciana, buscando fechar os acertos e alianças, avaliar as reações antes de mergulhar na fase curta da escolha de nomes, dos convites e dos abraços.

Como se constata, as melhores intenções do mundo. Mas, sem má vontade ou a obsessão crítica de que tantos e, às vezes, justamente, se acusa a imprensa de querer influir nos vetos e nomeações da competência presidencial, a evidência que entra de olhos adentro é que o presidente consagrado pelos mais de 58 milhões de votos do bis está lidando com um dos mais medíocres, senão o pior elenco de candidatos às vagas no seu inchado ministério de 34 titulares "da história deste país."

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A cerimônia das sondagens para encaminhar os acordos com o buquê de legendas que se ofertam para o sacrifício de ajudar o governo não tapa o rombo no cobertor curto e desbotado, que não cobre a cabeça e as pernas nem evita a tremedeira da friagem da expectativa.

A turma é ruim de dar dó. Às deficiências de nascença, agregam os desfalques na caminhada dos quatro anos de escândalos recordistas de corrupção, que inundaram os cômodos palacianos, deixaram manchas e constrangimentos no gabinete presidencial.

O governo carpe as ausências de astros e estrelas do calvário petista – o partido perdeu a vitória com o envolvimento nas tramóias do mensalão, do caixa 2, dos sanguessugas, das ambulâncias e na apoteose da compra do dossiê, todas rolando pelas CPIs inconclusas, pelas investigações da Polícia Federal e nos muitos degraus da escadaria da Justiça.

Há sempre um consolo para as aflições. Sem José Dirceu, Antônio Palocci, José Genoíno, Gushiken, mais a turma do segundo time e os recentes decapitados, como o presidente licenciado do PT, deputado José Berzoini, e a miuçalha do Freud Godoy, Jorge Lorenzetti, Hamílton Lacerda, Valdebran Padilha, Genimar Pereira Passos, Paulo Roberto Trevisan da infausta operação dossiê – encolheu a probabilidade da repetição dos erros que sangram na hemorragia das escolhas infelizes.

Mas, quando cobre os pés, a tremedeira dos braços clama por socorro. O PT já está devidamente informado pelo presidente que se hoje "o partido tem 16 dos 34 cargos com status de ministro", o seu quinhão no novo mandato "será proporcional ao tamanho do partido.".

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Critério é para ser obedecido. A estrela vermelha andou sumida na campanha, reapareceu na mobilização da militância na reta final e fez sua última aparição no maiô de dona Marisa, estreado na curta temporada de descanso na praia baiana.

As dificuldades são mais aparentes que reais. O modelo Lula no primeiro mandato, com ligeiros retoques, será o da reeleição. Quem manda de fato está com a posição garantida: a ministra Dilma Rousseff, na chefia da Casa Civil; Tarso Genro, na articulação política; Guido Mantega, na Fazenda; Paulo Bernardo, no Planejamento. E mais Walfrido Mares Guia, no Turismo; provável Gilberto Gil, na Cultura, e Luiz Dulci na sua suíte. O núcleo duro da cota de Lula.

O PMDB não contém o assanhamento nem a aflição dos aspirantes a um dos seis ministério reivindicados pelo seu novo líder, o deputado Jader Barbalho, da ilustre bancada do Pará, que emerge do sofrido ostracismo com as baterias recarregadas e força total. Dita a regra: "Saímos das urnas claramente vinculados ao presidente."

O partido aplaude, com lágrimas nos olhos e o coração aos saltos: estão no governo, de volta à casa da família.