A utilização de animais de laboratório em experimentos científicos é uma agressão à vida? Não. A ciência ainda não pode abrir mão da utilização de animais. Para a confiabilidade dos testes, a experimentação é imprescindível e não existe nenhuma técnica substitutiva. Milhares de medicamentos são estudados e desenvolvidos. Muitos deles nunca chegam ao ser humano porque suas reações adversas foram previamente identificadas em cobaias, tornando-os contra-indicados aos seres humanos. É mais coerente, ético e prudente realizar testes sacrificando alguns animais do que expor ao risco a vida de milhares de pessoas. Um exemplo é a insulina, hormônio retirado do pâncreas de suínos. Quantos diabéticos são beneficiados com o uso deste medicamento?
Recentemente, participamos de um curso em experimentação com animais de laboratório realizado no Instituto Butantan, na cidade de São Paulo. Neste curso compareceram diversos profissionais e acadêmicos das áreas biomédicas, farmacêuticas, veterinárias e, como convidado especial, um antropólogo. O objetivo do especialista em antropologia era contestar a utilização de animais em experimentos. No encerramento do congresso, este profissional apresentou um relato em que confessou ter adquirido uma nova visão, que seus conceitos mudaram. Até então, ele desconhecia o tratamento de respeito e cuidados dispensados aos animais de laboratório. Estava convencido de que os testes em animais só são realizados porque não existe método alternativo e que os acadêmicos e profissionais que os manipulam o fazem dentro de rigorosa ética e bom senso.
Muitos indivíduos carregam um pré-conceito a respeito de um tema em que são leigos. Para o manuseio de animais utilizados em experimentos, existem as leis federais, os Conselhos de Ética, as Farmacopéias, as Portarias do Ministério da Saúde, e as resoluções de um colegiado formado por profissionais do Ministério da Saúde. Instituições que produzem medicamentos são obrigadas a seguir a legislação, sob pena de o laboratório ser indiciado civil ou criminalmente.
Na produção de vacina anti-rábica está se substituindo a utilização de camundongos por cultivo celular, que é um método "in vitro". Contudo, nesse processo ainda não se pode abrir mão de todos os testes biológicos, por não existir um substituto confiável.
Esperamos que em um futuro próximo a ciência evolua a tal ponto que possamos dispensar a utilização de animais para testes e experimentos. Enquanto esse dia não chega, os animais devem ser tratados com a maior dignidade e respeito possíveis. Somos gratos a esses seres indefesos que têm suas preciosas vidas sacrificadas em benefício de um bem maior, que é a saúde dos seres humanos.
João Carlos Minozzo é médico veterinário, doutor em Processos Biotecnológicos, pesquisador e responsável técnico pelos animais do Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos (CPPI).
Rosana Zumaker Guimarães, bióloga, é responsável pelo Controle de Qualidade Biológico do CPPI.
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