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Colesterol alto na infância e adolescência: os graves efeitos na vida adulta
| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Uma das principais causas do aumento do colesterol em crianças e adolescentes é uma alimentação rica em gorduras e pouco saudável, aliada ao sedentarismo. Essa combinação pode levar à obesidade infantil, aumentando o risco do colesterol ruim, o LDL, no sangue. Esse é um problema que deve ser amplamente abordado junto à população, pois pode trazer graves consequências à saúde caso não seja tratado desde cedo.

Dados publicados no Atlas Mundial de Obesidade 2024 apontam que o Brasil pode ter até 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com obesidade ou sobrepeso em 2035. O número é preocupante e uma questão de saúde pública já que o estilo de vida atual favorece essa tendência.

Além de todos os problemas de saúde relacionados à obesidade, ainda há o aumento dos triglicerídeos - o colesterol que vem do açúcar - relacionado ao risco de diabetes principalmente nas crianças obesas

Um alerta que deve ser feito é que colesterol alto nos jovens passa a impressão de que ele não faz tão mal, já que o risco imediato é baixo. O problema é que, com o tempo, caso o quadro não esteja controlado, o colesterol pode aumentar, começando a se depositar nas paredes dos vasos sanguíneos, principalmente nos de menor calibre. Isso aumenta o risco cardiovascular para doenças coronarianas no coração e até culminar em um infarto do miocárdio. Ainda há o risco de acúmulo nos vasos da circulação cerebral, levando a um acidente vascular cerebral (AVC).

É fundamental que a sociedade reconheça a importância do tema e invista na qualidade de vida das crianças e adolescentes, proporcionando uma alimentação saudável, a prática de exercícios físicos, o combate ao sedentarismo, acompanhamento de saúde geral e o incentivo de hábitos de vida saudáveis. Essas medidas evitam o avanço do problema e garantem um futuro saudável aos jovens, podendo, inclusive, impedir uma morte relacionada a doenças cardiovasculares crônicas de forma precoce.

Crianças com pais ou familiares com histórico de colesterol muito alto, infarto do coração, ou morte súbita antes dos 60 anos, precisam ser acompanhadas em serviços específicos de cardiologia para detectar um fator genético chamado hipercolesterolemia familiar (HF). Ele está associado ao risco de desenvolvimento prematuro de doença cardiovascular, principalmente coronária, e que resulta em jovens com níveis altíssimos de colesterol produzido pelo próprio organismo. A HF deve ser tratada com orientação médica e medicações específicas para evitar um infarto na vida adulta.

A melhor forma de controlar esse problema é um acompanhamento em termos de saúde geral, controle de fatores de risco ainda na infância e adolescência para que esses indivíduos não tenham uma morte - que possivelmente poderia ter sido evitada - relacionada a doenças cardiovasculares crônicas de forma precoce. 

Minha recomendação aos pais e cuidadores é levarem seus filhos ao pediatra e ao cardiopediatra, acompanhar de perto os índices de saúde, fazer boas escolhas alimentares e incentivar os exercícios.

Crescer de forma ativa e saudável é a melhor prevenção para evitar o colesterol alto na infância e as doenças cardiovasculares no futuro.

Silvana Vertematti é pediatra e especialista da medicina do exercício e do esporte. Foi a profissional gerente das arenas de esgrima e taekwondo das Olimpíadas do Rio 2016 e médica de Ringue da Federação Internacional de Boxe Amador (2012 – 2016), dos jogos Sul-Americanos 2014 e dos Mundiais Femininos de Boxe Amador (2012 – 2016).

Conteúdo editado por:Aline Menezes
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