Reduzir a obesidade em todas as faixas etárias, classes sociais e modalidades de ensino de forma integrada é o objetivo da Política Estadual de Prevenção e Combate à Obesidade no Paraná, proposta elaborada por especialistas e profissionais que vivem diariamente a questão da obesidade e que foi entregue ao governador Beto Richa no último dia 16 de setembro.
A contribuição para o governo do Paraná que conta com o apoio do Conselho Regional de Educação Física, da Sociedade Paranaense de Endocrinologia e Metabologia e da Sociedade Paranaense de Cirurgia Bariátrica e Metabólica reforça a necessidade de ações emergenciais e eficazes para conter o aumento do excesso de peso entre crianças, jovens, adultos e idosos.
Todas as medidas incluídas na proposta de Política Estadual de Controle da Obesidade foram elaboradas em conformidade com os princípios e objetivos da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e do Plano Estadual de Saúde para o Paraná. Entre as ações que integram o documento estão uma maior divulgação das informações sobre a produção e o consumo de alimentos saudáveis, campanhas de prevenção, a inclusão da educação alimentar nas escolas, o estímulo a uma consciência crítica sobre doenças associadas à má alimentação, e o incentivo à participação e à promoção do controle da obesidade por meio de ações como caminhadas e a prática de modalidades esportivas. A política também prevê medidas para aumentar a publicidade sobre os alimentos saudáveis, a criação de um selo incentivando a compra de produtos saudáveis e uma política fiscal que beneficie fabricantes e comerciantes desses produtos no Paraná.
A sugestão de ações para o poder público é uma forma mais eficiente de incentivar, entre a população, o aumento do consumo de alimentos saudáveis e nutritivos e de reduzir o consumo de alimentos industrializados ricos em gorduras, açúcares e sal. Vale lembrar que a alimentação brasileira é uma das mais ricas e variadas do mundo e que a obesidade acontece, muitas vezes, devido à transição da alimentação simples e caseira para a alimentação altamente industrializada.
Nos países desenvolvidos, quando a obesidade aumenta, os governos trabalham intensamente para reduzir os índices, e é isso que esperamos. Ações integradas de estímulo à prática de atividade física, aliada a campanhas de prevenção e educação alimentar, podem controlar o avanço da obesidade e mudar o diagnóstico para o futuro.
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura no organismo com desproporção na distribuição da gordura pelo corpo, e já está sendo tratada como o mal do século por médicos e especialistas no Brasil e no mundo. Para que se tenha uma ideia, a última pesquisa internacional divulgada este ano aponta o Brasil como o 5º no ranking mundial, com 60 milhões de pessoas acima do peso e 22 milhões de brasileiros considerados obesos. Já a mais recente pesquisa do Ministério da Saúde coloca Curitiba em 9º lugar entre as 27 capitais brasileiras com maior número de crianças e adultos obesos. A pesquisa foi realizada no Brasil com informações obtidas pelo programa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal.
Caso opte por colocar em prática uma política de controle da obesidade mais agressiva, o Paraná sairá à frente dos demais estados brasileiros. Além disso, é preciso lembrar que a saúde é uma responsabilidade dividida e, por isso, é necessária a participação de todos os setores da sociedade na aplicação de uma estratégia estadual.
Caetano Marchesini, cirurgião bariátrico e endoscopista especializado em obesidade, é membro da Federação Internacional de Cirurgia para Obesidade, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva.
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