Produzir mais é o caminho para enfrentar a crise mundial que bate à porta dos países em desenvolvimento. Mas para ajudar a quem produz o governo federal precisa ousar e baixar com urgência o preço dos combustíveis no Brasil. O alto custo deste insumo que move a produção em nosso país interfere na economia, prejudica o setor produtivo, a população e afeta o crescimento do país, especialmente neste momento de crise financeira internacional.
É imperativo que a Petrobras esteja ao lado de quem produz. Alertei do plenário do Senado sobre a questão do alto preço dos combustíveis e o fato virou matéria na imprensa nacional. A questão é simples. Há poucos meses o preço do barril de petróleo chegou a US$ 144, o que equivalia a R$ 236, estando o dólar a uma cotação mais baixa. Hoje mesmo com o dólar valendo mais, o barril de petróleo fica em torno de R$ 100, ou seja, menos da metade, portanto, do que se encontrava cerca de três meses atrás.
Enquanto isso, a Petrobras está contabilizando um lucro, antes de fechar o terceiro trimestre, de R$ 26 bilhões, podendo fechar o ano com um lucro de R$ 40 bilhões.
São bilhões que saem do bolso do produtor e do consumidor brasileiro que pagam caro pelo combustível. Se o combustível teve baixa dos preços em sua matéria-prima, o petróleo, por que não temos uma queda no preço dos combustíveis na gasolina e no óleo diesel?
A atual injeção de crédito para o setor produtivo, sozinha, não vai resolver o problema de setores como a agricultura. Isto porque a existência de recursos disponíveis nos bancos do governo, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não é acessível aos milhares de produtores inadimplentes, por exemplo. O alto custo do óleo diesel só piora a situação, pois a Petrobras continua praticando preços como se o barril de petróleo estivesse acima de US$ 100.
Entendo que em momentos de crise é necessário olhar para a frente e ter ousadia. Não é porque obtivemos bons resultados antes da crise que devemos desprezar os efeitos futuros deste problema que afeta o mundo.
Cabe ressaltar que o Banco Mundial (Bird) está revendo para baixo o crescimento econômico brasileiro para 2009, conforme dados do Global Economic Prospects 2009 (Perspectivas Econômicas Globais 2009), divulgados neste mês de dezembro. Os fatores que contribuirão para isso, segundo o Bird, são os aumentos de preços de alimentos e combustíveis, que provocaram gastos adicionais de US$ 680 bilhões em 2008 e levaram de 130 a 155 milhões de pessoas à pobreza em todo o mundo.
A estimativa do banco no estudo anterior era de que o Brasil cresceria 4,3% em 2009, mas agora o órgão estima que o nosso país avançará 2,8%. O Banco Mundial só prevê recuperação para o Brasil em 2010, mas ainda assim o índice será modesto, de 4%. O documento avalia que o crescimento da América Latina e do Caribe em 2009 será de 4%, também inferior à estimativa anterior, de 4,3%.
Não tenho dúvidas de que temos força para crescer e manter o equilíbrio econômico. O governo defende o aumento do consumo, mas para haver consumo maior é necessário produzir mais. Por isso, defendo que o governo federal olhe para os setores produtivos e coloque o preço do diesel compatível com o que está acontecendo no mundo. Tenho a certeza de que o lucro maior não será apenas de uma estatal, mas sim do Brasil e de todos os brasileiros.
Osmar Dias é líder do PDT no Senado.