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Vacinas nacionais contra a Covid
Imagem ilustrativa.| Foto: Bigstock

Os benefícios da ciência estão em toda a parte, do celular no bolso ao remédio para dor de cabeça. A pandemia da Covid-19, no entanto, colocou o cidadão comum frente a frente com termos típicos de pesquisas científicas pela primeira vez. A rapidez com que as vacinas foram desenvolvidas também provaram a muitos a importância deste tipo de conhecimento, e não apenas para o tratamento do vírus: é graças ao imunizante que as atividades econômicas poderão ser retomadas, por exemplo.

É de se pensar que, na pós-pandemia, o mundo estará mais consciente da necessidade de investimento na ciência e inovação, e deverá valorizar ainda mais esses profissionais e seus conhecimentos. No entanto, essa percepção positiva será apenas parte da realidade. E a valorização da ciência não contará toda a história de como a pandemia afetou a sociedade.

Nunca o movimento antivacina teve tanta força no Brasil e nos Estados Unidos, principalmente, mas também em outras partes do mundo. Nós, que já fomos exemplo mundial em imunização, também vemos um número crescente de negacionistas, muitas vezes apoiados por autoridades políticas. Argumentos baseados em falta de informação e sem qualquer rastro na história: as vacinas extinguiram doenças que por milhares de anos mataram os seres humanos, como a varíola e a poliomielite. É impossível pensar no progresso não apenas em saúde, mas também social e econômico, sem elas.

Então, diante destes dois cenários, o que podemos esperar da ciência após a pandemia? Um amigo médico uma vez me disse que nós “só aprendemos na dor”. E acredito que isso é verdade. E, enquanto passamos por esse momento de sofrimento da Covid-19, também levaremos importantes lições. Tenho certeza de que a humanidade, como um todo, já entendeu que sem investimento em ciência, inovação e tecnologia não há futuro – inclusive, não há como pensar em sustentabilidade e em preservação sem ela. Isso ficará cada vez mais latente.

As universidades e centros de conhecimento e pesquisa nunca tiveram tanta atenção e foco da mídia e da população; a percepção de que elas são elementos externos à economia, como sempre foi muito propagado, também deve mudar. Fica cada vez mais evidente que essas instituições são parte pulsante da sociedade, produzindo conhecimento e promovendo o desenvolvimento humano todos os dias.

Por aqui, cabe esperarmos para ver como se descortinará a política no Brasil – país cujo investimento na ciência depende tanto do governo. Há diversos exemplos positivos, como a Fapesp, financiadora de pesquisa e projetos do estado de São Paulo. O Bingo, primeiro radiotelescópio do país, que irá monitorar o céu brasileiro e a energia escura do universo, pelo sertão paraibano, foi financiado pela instituição, por exemplo. Ele será instalado na Serra do Urubu, no município de Aguiar, a 257 quilômetros da capital da Paraíba. Aliás, outro bom exemplo de políticas públicas de investimento em ciência vem do governo do estado da Paraíba, que recebeu esse projeto.

Como em qualquer área, há sempre percalços, é claro. Mas não há dúvida, no mundo, e talvez nunca tenha sido tão claro que o avanço da ciência é, necessariamente, o progresso da sociedade. A Covid está aí para mostrar isso.

Elcio Abdalla é físico teórico, doutor com pós-doutorado, professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e coordenador do Projeto Bingo, radiotelescópio brasileiro que está sendo construído no interior da Paraíba.

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