O tema da desindustrialização voltou à agenda do governo federal. Para os empresários da indústria nacional, o alerta não é novidade. A falta de estímulo à livre iniciativa e a postergação das reformas estruturantes (tributária, trabalhista, previdenciária e política) já comprometem, há muito tempo, a competitividade do setor produtivo do país.

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As intervenções no mercado cambial e o anúncio do Brasil Maior – programa que engloba estímulos esparsos avaliados em R$ 60,4 bilhões – são sinais de que o governo, a despeito de suas tentativas, ainda mira na direção errada. Em vez de combater as causas reais dos problemas que reduzem a competitividade de nossa indústria, o Brasil insiste em apenas remediar questões externas, utilizando-se de protecionismo.

A melhoria da competitividade da indústria brasileira vai além dos planos para conter a valorização do real ou proteger os produtos brasileiros. O grande desafio é a modificação de fatores estruturais, como a redução do custo Brasil, expressão que sintetiza as ineficiências do país. Entre eles estão a excessiva burocracia, a complexidade do sistema tributário e o alto custo da mão de obra, que é resultado dos pesados encargos trabalhistas. Como consequência, temos um dos maiores custos de energia do planeta. Isso para não falar dos problemas causados pelos gargalos de infraestrutura. Aí estão os fatores que estrangulam a competitividade.

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Para a indústria imobiliária, que só em São Paulo comercializou R$ 13,3 bilhões em 2011, essa mudança de paradigmas é crucial. Somada à voracidade arrecadatória do país, a falta de parceria entre governo e iniciativa privada tem criado barreiras para as oportunidades de crescimento e a realização de novos projetos.

Outro fator que dificulta o desenvolvimento da economia brasileira é a velha crença de que o interesse legítimo das empresas em fazer negócios, gerar lucros, e, como consequência, progresso ao país faz parte de uma cadeia de interesses privados que não gera retorno para a sociedade. Mais do que uma visão ultrapassada, isso coloca o Brasil na contramão dos mercados internacionais, que buscam incentivar fortemente a iniciativa privada a fazer investimentos, a partir de condições legais, tributárias e trabalhistas adequadas.

É dever dos governantes se inspirar em bons exemplos de fora, principalmente os relacionados à qualificação de mão de obra. A educação brasileira precisa focar no ensino profissionalizante, visando formar profissionais que serão o motor do desenvolvimento do país. Modelos como o da Coreia do Sul, que, entre outras ações, produzem parcerias entre empresas e universidades para fomentar pesquisas alinhadas com as demandas de mercado e investem em polos universitários voltados para a área de tecnologia, devem ser inspirações para medidas educacionais similares.

Cabe ressaltar que o Brasil não pode fechar as portas e dificultar a importação de produtos essenciais ao desenvolvimento econômico de seus diversos setores. Ao contrário, precisa aumentar sua corrente de comércio. Por isso, o crescimento brasileiro não deve ser fundamentado na autossuficiência, mas na lógica de importar as especialidades dos países estrangeiros e exportar o que temos de melhor aqui. As desastrosas experiências de reserva de mercado da década de 1980 falam por si só.

A resolução dos problemas que, de fato, corroem a competitividade da indústria nacional é, portanto, passo fundamental para a consolidação da economia brasileira. É essencial que nossos governantes se conscientizem de que o empresário nacional precisa de boas condições para competir com o restante do mundo e, assim, levar o Brasil ao topo.

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Basilio Jafet é presidente da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci/Brasil).