| Foto: Valterci Santos/Arquivo Gazeta do Povo

Uma pesquisa publicada em agosto do ano passado pelo jornal britânico The Independent revelou que 76% dos mil alunos entrevistados acreditam que as escolas focam no bom desempenho nas avaliações e não no mercado de trabalho. Para 80% deles, a carreira profissional deveria ser melhor trabalhada na sala de aula.

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Os porcentuais contrastam com a opinião dos mil pais de estudantes consultados pelo levantamento: eles admitem que não levam em conta o aspecto profissional na hora de eleger uma escola para os filhos. A simples posição no ranking entre as melhores instituições de ensino é a base de escolha para 32% dos familiares entrevistados.

As habilidades devem se estender da teoria para a prática fora do ambiente da sala de aula

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Não há pesquisa semelhante com alunos brasileiros, mas não é difícil concluir que o resultado seria similar. A falta de preparo para o mercado de trabalho no país pode ser medida em números: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre desse ano a taxa de desemprego entre a população de 18 a 24 anos foi de 24,1%. Apesar de os jovens serem historicamente mais atingidos pela falta de emprego, o crescimento do índice chama a atenção: desde 2007 não passava dos 20%.

Nesse cenário, na hora de escolher a escola, é importante que os pais saibam se realmente ela prepara para o mercado de trabalho. Não se trata de antecipar uma decisão tão importante para os jovens, mas de auxiliá-los no desenvolvimento, desde cedo, de aptidões comuns e valorizadas em todas as profissões.

Para descobrir se a escola está preocupada com esse panorama, é necessário observar alguns pontos, como se a instituição incentiva as relações interpessoais, já que, num mundo cada vez mais colaborativo, saber se relacionar está entre as características buscadas em todos os profissionais. De outro lado, também é preciso perceber se a escola valoriza os talentos individuais e sabe aproveitá-los da melhor forma possível.

Instigar a defesa de ideias e a negociação entre os alunos também são quesitos importantes, assim como o domínio sobre a administração do tempo dentro de sala de aula. A instituição pode ainda incentivar a tomada de decisões, para que, no futuro, situações corriqueiras sejam levadas de maneira tranquila.

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Tendo essas premissas em mente na hora da escolha da instituição de ensino, os pais podem ajudar os filhos a se sentirem mais preparados para o mercado de trabalho e, por consequência, fazer com que as empresas tenham mais facilidade em encontrar novos talentos. Afinal, as habilidades devem se estender da teoria para a prática fora do ambiente da sala de aula.

Lilian Luitz, psicopedagoga especialista em desenvolvimento pessoal e familiar, é gerente do Colégio Sesi.