As festividades do fim do ano parecem não ter a mesma magia para quem não atingiu o sucesso esperado nos estudos. A reprovação – seja no ensino fundamental, no ensino médio ou no vestibular – vem sempre acompanhada do sentimento de frustração. A adrenalina e outros hormônios liberados nessas situações podem induzir o estudante ou os próprios pais a agir por impulso e procurar uma forma de recusar, fugir, transferir, mascarar, adiar ou esconder o problema. Por padrão, aprendemos que devemos evitar de qualquer forma as variações do “volte uma casa”.
Terceirizar a culpa pela derrota, culpando alguém ou algum fator externo, não é uma boa escolha para tentar tirar dos ombros o peso do erro. A estratégia pode ser útil para aliviar a pressão, mas dificilmente resolverá o problema. O melhor caminho é aceitar o fracasso como apenas mais um degrau para o sucesso. Afinal, aprendemos muito mais com nossos erros que com os acertos. Mas, para isso, precisamos aceitar a derrota e entender onde falhamos.
Um ano cursado novamente não é um ano perdido
- O vestibular como aprendizado (artigo de Altair Pivovar, publicado em 16 de abril de 2009)
- Reprovação, autoritarismo e exclusão (artigo de Renato Ladeia, publicado em 27 de janeiro de 2015)
- Progressão continuada: necessidades para o êxito (artigo de Reginaldo Rodrigues da Costa, publicado em 27 de janeiro de 2015)
Errar é o que nos faz humanos. Apesar da dor, o momento em que se reconhece o fracasso é libertador. Só depois de entender os erros é possível ver o que deveria ter sido feito e como investir em novas ideias de uma forma diferente. Não se trata de celebrar a derrota, porque obviamente ninguém gosta de errar, mas de aceitar que até as falhas possuem seu lado positivo e saber tirar lições das adversidades. Henry Ford foi à falência cinco vezes antes de construir uma fábrica moderna e um carro simples, acessível e fácil de usar, tornando-se um sucesso em vendas. Albert Einstein foi reprovado no primeiro vestibular. A história de Harry Potter, de J. K. Rowling, foi recusada por dezenas de editoras e demorou sete anos para ser publicada.
Antes de ficar para a história com um homem de sucesso, Steve Jobs, o fundador da Apple, desistiu da escola e foi afastado da própria empresa. Aos 30 anos estava devastado, mas considerou a queda como aprendizado e, por isso, mudou sua forma de agir e entrou num dos períodos mais criativos da sua vida. Regressou à Apple e, sob sua orientação, a empresa criou vários produtos icônicos, como o iPod, o iPhone e o iPad, entrando no período de maior ascensão da companhia. O que diferencia os vencedores é a atitude positiva diante de suas derrotas. O medo de errar afeta negativamente os estudantes por toda a vida escolar. E é exatamente esse mesmo medo que pode nos impedir de fracassar que nos distancia do sucesso. Crianças e adolescentes que não aceitam os erros têm menor disposição a assumir riscos – e, sem riscos, dificilmente há grandes conquistas.
Um ano cursado novamente não é um ano perdido. É mais uma chance de alcançar o próximo degrau com o máximo de aproveitamento. A repetência é um mecanismo que impede que alguém sem os requisitos necessários mude de etapa – e é importante entender que cada um tem o seu tempo. De que adianta passar no vestibular e entrar numa faculdade de Engenharia sem entender de Matemática? Afinal, é melhor ser repetente na escola que reprovado pela sociedade, pelo mercado de trabalho e pela vida.