O termo "inovação" é desafiador e ao mesmo tempo confuso. Muitos acreditam que inovação é o mesmo que criatividade. Bastaria gerar uma série de ótimas ideias e o processo inovador seria iniciado. Da mesma forma, a genialidade humana, expressa por grandes pesquisadores e empreendedores, seria unicamente necessária.
Felizmente, inovação não se resume a criatividade, ótimas ideias ou genialidade humana, somente. A gestão do processo estratégico público ou empresarial desdobrado em cultura organizacional, indicadores, sincronismo entre áreas de negócio, compreensão dos benefícios fiscais, proximidade com universidades e gente altamente qualificada pode ser compreendida como inovação.
No entanto, há muito o que se fazer por esta área do conhecimento. Nos últimos anos, a taxas de investimento em inovação, com destaque para avanços tecnológicos e em institutos de ciência e tecnologia no Brasil, não ultrapassaram 1% do PIB. Na comparação com países desenvolvidos, estamos atrás nesta corrida. Países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm investido em média 4% do PIB para inovação.
Um dos pilares que sustentam o crescimento das práticas de inovação é a qualidade da educação, chamando a atenção para a formação de engenheiros. Nesse quesito, mais uma vez o desafio é grande. Em testes internacionais, o Brasil tem ficado nas últimas colocações em conhecimentos de Matemática, Ciências e línguas. Em várias listas das 100 melhores universidades do mundo não temos nem sequer um único representante.
Apesar do cenário adverso para a compreensão das práticas de inovação e capacidade de investimento no Brasil, muitas empresas privadas vêm demonstrando crescimento graças a práticas inovadoras. Empresas do setor de consumo vêm demonstrando aumento da sua produtividade, de acordo com esforços significativos de melhoria de processos e otimização de recursos financeiros. Já o setor de aviação evidencia o quanto é importante desenvolver tecnologias de ponta, para aumentar a atratividade de vendas e novos clientes.
Fundamentalmente, todo esforço por inovação no Brasil deve incluir o reconhecimento do pioneirismo da Embraer e da Embrapa. Elas foram as impulsionadoras de pesquisas de ponta, mas levando todo esse conhecimento para o mercado. Essa prática somente se tornou possível por instrumentos claros de controle, desdobrados em estratégia de inovação, treinamento para formação de gente de alto nível, estudos para produtividade, riscos financeiros e planos de curto e longo prazo.
Para inovar não basta ser criativo ou ser genial. É vital o processo de análise sistêmica, realizando comparações por aqueles que são líderes em suas estratégias. Mais que isso, exemplos pioneiros no Brasil nos dizem que, para o aumento da inovação, a mescla de gente qualificada, indicadores de gestão e visão de mercado sempre é bem-vinda.
Hugo Ferreira Braga Tadeu, especialista do Instituto Millenium, é professor da Fundação Dom Cabral.
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