A notícia da venda da empresa paranaense Ouro Fino para o Grupo Zonta, dono da rede de Supermercados Condor, aqueceu o mercado financeiro e abriu uma série de questionamentos sobre asvantagens (e desvantagens) desse tipo de operação. Esses movimentos são possíveis por meio de dois fundos de investimentos: os Fundos de Investimento em Participação (FIP) e os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).
A principal diferença entre os dois é que o primeiro é utilizado para comprar e vender (futuramente) uma empresa, gerando um benefício tributário para o comprador, que é a isenção do Imposto de Renda sobre o ganho de capital futuro. Isso porque, com o FIP, a taxação só acontece no caso de resgate pelo cotista.
Além da vantagem fiscal, o uso de FIP’s para aquisições é cada vez mais usado por grandes empresas que querem investir em novos negócios com prazo determinando e com ganho advindo da venda da empresa adquirida. O Grupo Zonta não divulgou o valor investido na compra da Ouro Fino, nem se essa aquisição foi realizada por meio de um fundo de investimento. Mas o ritmo com que o grupo está adquirindo novas marcas e diversificando portfólio indicam para esse caminho, já que os FIP´s são consideradosuma boa escolha para esse tipo de transação.
Já os FIDC´s são opções bastante promissoras para as empresas que querem gerar crédito para desenvolver seu ecossistema de negócios, especialmente financiando as compras dos seus clientes com juros competitivos. Os FIDC’s captam e oferecem recursos a juros mais baixos, direcionando o crédito para novas vendas, especialmente no varejo.
Recentemente, a Casas Bahia anunciou que criou uma estrutura FIDC para captação inicial de R$ 600 milhões.Nesse caso, a operação funciona com compra de recebíveis. Dessa forma, é possível antecipar o recebimento de parcelas de crédito, em troca de uma taxa de remuneração para os investidores envolvidos no fundo.
As duas operações são indicadas para grandes transações. No caso do FIP, os investidores têm a possibilidade de obter alta rentabilidade, principalmente no longo prazo. Já com o FIDC, os valores aplicados são administrados por uma gestora, que aplica o valor de acordo com a política de investimento do Fundo.
Bruno Lage é formado em Administração, com MBA em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É fundador e diretor da Catálise Investimentos.