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Qual a sua recordação do carnaval em Curitiba? Para alguns, é o momento de deixar a cidade; para outros, é tradição curtir o samba, as marchinhas, o desfile. Já outros querem sair do convencional; e há ainda os que buscam Curitiba por suas iniciativas diferenciadas. Em 2017, o panorama carnavalesco de Curitiba sofre com a crise econômica que o país enfrenta, assim como ocorre em diversas outras cidades, em estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e até a Bahia, que também estão diminuindo a verba direcionada para a festividade e desfiles de carnaval.

Para alguns, isso pode parecer uma forma de os novos prefeitos, que acabaram de assumir seus mandatos, “mostrarem serviço”, direcionando as verbas para setores de demandas emergenciais e que atendem às necessidades básicas da população e outras prioridades com as quais se comprometeram em suas campanhas. Para uns, uma sábia decisão; para outros, um descaso com a cultura popular e o acesso ao entretenimento. Entretanto, uma visão mais crítica e com vistas às tendências se faz necessária. Além das prefeituras, vários blocos do carnaval de rua cancelaram suas tradicionais comemorações, inclusive alguns de Salvador, um dos principais polos do carnaval de rua no Brasil e no mundo. O motivo? A crise.

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Porém, algumas perguntas nos provocam a refletir: seria somente a crise? Seria somente para “mostrar serviço”? Responsabilidade do setor público ou, quem sabe, uma oportunidade para o setor privado e até para o terceiro setor se envolverem mais em festividades como essa? Passamos por um momento de mudança, de adequação, de ruptura de padrões anteriores, inclusive no carnaval e em outros eventos para a população. Alguns falam que é preciso tirar o “S” da “crise” para que ela seja frutífera de oportunidades, e é assim que percebo o panorama atual: uma situação em que a criatividade e a união devem prevalecer.

Para 2018, fica a possibilidade de crescimento com a ajuda do setor privado e também do terceiro setor

Várias cidades cancelaram completamente o carnaval; Curitiba diminuiu o orçamento previsto (cerca de R$ 750 mil) em aproximadamente 28%. Como efeito, as escolas que desfilam nos dois grupos da cidade receberão uma verba menor para seus preparativos, os desfiles não serão competitivos e, ainda, o tradicional pré-carnaval está suspenso, por enquanto, sendo sondado por empresa com interesse em patrociná-lo.

Partindo do panorama micro para o macro, a tendência na área de eventos e entretenimento que se mostra no cenário nacional e internacional é a necessidade de envolver setor público, privado e terceiro setor em eventos para a população: todos saem ganhando. Cada instância com um ganho diferenciado, porém, igualmente importante.

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Para isso se concretizar, é primordial que o empresariado se conscientize e aproveite oportunidades como essa para gerar valor, associando sua marca a momentos inesquecíveis, por meio dos eventos. Estudos em neurociência comprovam que a lembrança mais rica e viva é associada às emoções, que podem ser proporcionadas em momentos como essa festividade, já que eventos oferecem experiências únicas.

Empresas modernas já perceberam isso e sabem utilizar muito bem tal estratégia; basta ver o Rock in Rio, a Copa do Mundo e o Super Bowl (que ocorre neste fim de semana), dentre tantos outros eventos de todos os portes, dos quais lembramos junto com algumas marcas que os patrocinaram. Para cada um dos eventos citados você deve ter se lembrado de algumas marcas. Um exemplo mais próximo e associado ao carnaval: no ano em que Curitiba é tema do enredo da escola paulistana Nenê de Vila Matilde, algumas empresas curitibanas estão incentivando tal divulgação da cidade e patrocinam a escola, com destaque para a Serra Verde Express, principal patrocinadora.

E o carnaval de rua de Curitiba em 2017? Para o momento, dada a proximidade, a solução é remediar e finalizar da melhor maneira o trabalho que as escolas já desenvolveram durante todo o ano anterior, para que o desfile seja possível e bonito. Mas, para 2018, fica a possibilidade de crescimento com a ajuda do setor privado e também do terceiro setor, que pode auxiliar de diversas formas também, colhendo muitos frutos.

Morgana Toaldo Guzela é professora de graduação e pós-graduação da Universidade Positivo.