Com o leilão previsto para o começo de 2021, o 5G se apresenta como uma tecnologia ainda mais necessária do que era diante do cenário atual onde as soluções digitais têm sido o único meio de sobrevivência da maioria dos serviços diante da crise. As redes de comunicação foram consideradas negócios essenciais, permitindo que os assinantes trabalhem ou aprendam remotamente. E, através do 5G, é possível aumentar a conexão, ter uma maior velocidade de conectividade do que as redes anteriores, além de viabilizar inteligência artificial e a internet das coisas.
Isso tudo é possível através de radiofrequências que utilizam ondas com oscilações diversas e outras características para evitar a interferência que acontece da comunicação cabeada. Além disso, para garantir que os aparelhos de radiocomunicação funcionem bem, agências reguladoras como a Anatel definem faixas de frequência para cada tecnologia. Dessa forma, algumas interferências são barradas como o wi-fi no sinal do seu celular ou o rádio na transmissão da sua TV. E quando uma nova geração de redes móveis é implantada, é necessário definir para ela normas e faixas de frequências a serem ocupadas pelo sinal.
Variando de país para país de acordo com a estrutura de telecomunicação, as redes podem ocupar faixas diferentes do espectro ou até mesmo utilizar tecnologias diferentes. Por isso, é importante saber quais são as bandas utilizadas onde você mora. O Brasil, por exemplo, está planejando utilizar quatro faixas de radiofrequências diferentes, isso porque quanto mais frequências forem consideradas, maior o número de usuários será possível alcançar. Além disso, é possível evitar interferências escolhendo a melhor para áreas com menos ou mais antenas.
Apesar de fornecer um serviço mais lento, a frequência 700 MHz tem um alcance maior e é considerada para áreas com menos antenas. Já as frequências 2,3 GHz, 2,6 GHZ e 3,5 GHz têm mais capacidade e alcance indoor e são consideradas para áreas com um maior número de antenas, como áreas urbanas. Nas frequências mais altas, a faixa que está sendo inicialmente considerada para o Brasil é a 26 GHz (tendência mundial de ondas milimétricas para serviço de banda larga fixa), porque oferecem uma maior velocidade com maiores taxas de transferência, porém com alcance menor.
Começaremos a ver frequências mais altas serem utilizadas para serviços com o 5G e quanto maior a frequência, menor sua propagação e maior necessidade de antenas mais próximas. Por conta disso, a implementação deve começar em cidades mais densas, acima de 1 milhão de pessoas, com requerimento para payback e monetização para pagar o investimento feito na construção desta nova rede.
Hoje, o core da rede 4G já tem dual conectividade, ou seja, será possível que o 5G use o mesmo core que o 4G para sua implementação no país. A principal vantagem é que a transição será mais rápida, já que utilizará toda a capilaridade do 4G. Caso se confirme o uso da frequência 3.5 GHz também temos equipamentos novos com dual conectividade para atender as demandas das novas tecnologias, permitindo as operadoras uma transição mais simples com atualização de software.
Por isso, o Brasil já tem uma parte do caminho para a implementação do 5G pavimentado, mas ainda há muito a ser feito para que seja uma realidade para as regiões remotas do País. O fato de grande parte do core das redes 4G ser adaptável para o novo padrão não significa que o sistema legado não precisará ser atualizado.
As redes 5G permitirão o avanço da internet das coisas e com isso a realização de serviços importantes em regiões remotas, como a instalação de sensores para medir o nível de lagos e represas, irrigação do solo, controle de rebanhos, entre outros. Isso trará mudanças significativas para os negócios rurais e pode influenciar no crescimento de muitas regiões. Então é fundamental que a infraestrutura das redes seja desenhada para atender todas as regiões, ainda que seja necessário um investimento maior em infraestrutura.
Everton Souza é engenheiro de soluções da Viavi Solutions.
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