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Como viver? Eis o desafio!

Imagem ilustrativa. (Foto: Counselling/Pixabay)

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De início, o ser humano tem quatro necessidades: alimento, água, abrigo e repouso. Em qualquer tempo, lugar e situação, o homem sempre teve e sempre terá que obter as provisões para atender essas quatro necessidades, sem as quais não há vida. Desde que esse animal humano surgiu sobre a face da Terra, sua principal luta diária é a busca dos bens materiais capazes de satisfazer essas necessidades vitais.

No mundo primitivo, o homem acordava, se levantava e saía em direção a lugares onde pudesse caçar animais, coletar frutas, pescar e recolher água. Com esses bens, ele garantia a manutenção do corpo que, adicionalmente, requeria proteção contra os efeitos do clima, sobretudo nas regiões frias ou inóspitas. Chegada a noite, era necessário um abrigo para dormir, repousar e recuperar as energias.

Dia após dia, esse ritual se repetia, e o homem era apenas um animal um pouco mais evoluído que os demais, porém ainda um animal fisiológico. Ocorre que o humano evoluiu, desenvolveu a consciência e a memória, inventou a linguagem, tornou-se pensante, o cérebro virou uma máquina de raciocinar, e o homem virou um ser único, intelectivo, a quem chamamos de homo sapiens, que somos nós.

O historiador israelense Yuval Harari, nascido em 1976, autor de livros sobre a história do mundo, diz que o atual homo sapiens, surgido há mais ou menos 200 mil anos, não é a única espécie de humanos que já existiu. Teria havido pelo menos seis espécies, e o homo sapiens teria convivido na pré-história com duas espécies humanas não modernas: o homo neanderthalensis, surgido há uns 230 mil anos e desaparecido há 28 mil anos, e o homo erectus, surgido há 1,8 milhão de anos e sumido há coisa de 30 mil anos.

Os cientistas acreditam que o homo sapiens foi a única espécie a sobreviver por ter sido a que mais evoluiu no domínio dos recursos, meios e ferramentas capazes de sustentar a existência. Aí, em dado momento vem o filósofo Sócrates (470a.C-399a.C) e diz que o homem é o único animal que sabe que vai morrer, e isso impõe uma pergunta obrigatória: como viver? Nessa linha, entra a questão do bem-estar e da felicidade.

A extensão da pandemia do coronavírus (somente 10 países dos 201 que há no mundo não relataram casos de covid-19), a grande quantidade de infectados e mortos, o estrago na economia, o desemprego e o isolamento social causaram prejuízos psicológicos e existenciais. E a humanidade se pôs a pensar e a refletir. Quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Por que estou aqui? Para onde vou? Qual o sentido da vida? As velhas perguntas da filosofia continuaram vivas e carentes de respostas.

Diante dessas questões, a pergunta essencial é: como viver? Podemos começar respondendo com a definição de saúde dada pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A OMS diz que saúde não é apenas a ausência de doença, mas um estado geral de bem-estar, que pode ser resumido em cinco fatores: saúde fisiológica, equilíbrio emocional, harmonia social, harmonia econômica e harmonia espiritual.

Sendo assim, eu concluo que isso, a saúde, é a felicidade, e que a resposta sobre como viver é simples: viva de tal forma que suas ações o conduzam rumo àqueles cinco fatores da OMS definidores do que é saúde. O caminho para tentar chegar lá será sua alegria de viver, e talvez seu propósito de toda a vida.

Aliás, falando sobre os atos da vida, o filósofo Artur Schopenhauer, genial no uso das palavras como ele era, escreveu: “O que é o sofrimento? É a luta para vencer o obstáculo que fica entre a vontade e a meta. O que é a Felicidade? É atingir a meta”, disse ele. Nessa equação, há um problema: que metas fixar para a vida? Se as metas forem exageradas e inexequíveis... bem, aí você pode acabar se frustrando.

Mas, quando nossas metas são normais, perfeitamente obteníveis pelo esforço e pela ação pessoal, é possível ter alegria no caminho e gozo na chegada. Aí vale o ensinamento atribuído ao filósofo Aristóteles (384a.C-322a.C), que diz: “Se você não deseja muito, pouco parecerá muito a você, pois são as pequenas vontades que dão à pobreza o poder da riqueza”.

Claro, não se trata de deixar de ter ambição saudável, ter metas ousadas e ser empreendedor (o mundo necessita tanto dos empreendedores!). Trata-se sim do excesso que, quando irrealista, reflete mais paranoia e megalomania do que a vontade de construir belas obras e contribuir com o crescimento da riqueza social.

José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor econômico-financeiro.

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