As recentes medidas adotadas pelo governo para beneficiar o setor produtivo trazem certo alívio para a indústria. O retorno do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as empresas exportadoras (Reintegra), o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) – prorrogado até 2015 –, a desoneração de encargos trabalhistas de setores estratégicos e, ainda, a redução do IPI são pacotes de incentivo que, sem dúvida, trazem benefícios de curto prazo às empresas. Porém, tais medidas paliativas podem acabar deixando o segmento refém das intervenções governamentais.

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A indústria nacional vem registrando queda na exportação de produtos manufaturados. Atualmente, as commodities são responsáveis por mais da metade do valor de vendas ao mercado externo. Ou seja, o superávit anunciado pelo governo vem sendo sustentado pelo comércio de bens de pouco valor agregado.

Há muitos anos, os empresários se queixam de que problemas de infraestrutura, qualificação de mão de obra, difícil acesso a recursos financeiros e carga tributária complexa e muito elevada prejudicam as empresas brasileiras na competição do mercado internacional. No curto prazo, porém, não há perspectiva de que essas dificuldades sejam transpostas. Como conseguir, então, aumentar a competitividade com o que se tem, sem ficar no aguardo e na dependência de intervenções estatais?

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Tornar-se competitivo requer investimentos de porte para inovações técnicas, qualificação de mão de obra e eliminação de gargalos no processo produtivo. Embora de difícil acesso, já existem diversos programas para captação de recursos subsidiados, tais como a Lei do Bem, a Lei do Incentivo à Inovação e os recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que exigem um olhar apurado de identificação de pontos críticos e estratégicos que permitam a formatação e a realização de projetos.

Na área fiscal, quanto maior é a cadeia produtiva de uma empresa, tanto maiores são a complexidade e o custo da carga tributária. Dessa forma, o ambiente econômico brasileiro exige a aplicação de inteligência e agilidade na gestão tributária.

As medidas paliativas adotadas pelo governo são muito bem-vindas nesse difícil momento vivido pelo empresariado brasileiro, mas os empresários não devem se conformar apenas com isso. As empresas podem aferir grande salto em seu nível de competitividade se souberem gerir de maneira eficaz sua carga tributária e acessar os recursos já há muito disponíveis para investir em melhorias nos seus processos produtivos.

Vinicius dos Santos Schiavon é consultor da Pactum Consultoria Empresarial.

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