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Conhecimento científico e a sustentabilidade dos oceanos

(Foto: Antônio More / Gazeta do Povo)

A busca da sustentabilidade dos oceanos depende fortemente de conhecimento científico sólido e abrangente. Entretanto, a capacidade de geração de informações e a produção científica para os oceanos é bastante variável entre os países.

O Relatório Mundial sobre a Ciência Oceânica publicado em 2017 revelou que o Brasil apresentou um importante crescimento recente na produção de conhecimento sobre ciências marinhas, consolidando um papel de destaque na América Latina e no Atlântico Sul. Na escala mundial, o Brasil figura como o 11.º país com maior número de artigos científicos publicados. A pesquisa oceânica é prioridade pública, mas ainda padece do baixo nível de internacionalização e da escassez e oscilações de fontes de financiamento.

Ainda há muito que ser feito para compreendermos e gerenciarmos os oceanos de forma sustentável

Embora o Brasil seja entendido como país emergente nesse contexto, ainda há muito que ser feito para compreendermos e gerenciarmos os oceanos de forma sustentável. Além do avanço nas pesquisas, é necessário ampliar o conhecimento da sociedade sobre os oceanos e, em especial, o uso do conhecimento científico na tomada de decisão.

Surge nesse contexto a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. A Década foi proposta pela Organização das Nações Unidas entre os anos de 2021 e 2030 e visa produzir “a ciência que precisamos para o oceano que queremos”. Esse objetivo está alinhado fortemente ao documento O futuro que queremos, resultante da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, realizada em 2012 no Rio de Janeiro.

Para superar esse desafio uma nova forma de pensar e fazer ciência deve ser estimulada no País. A Cátedra Unesco para Sustentabilidade dos Oceanos foi criada junto ao Instituto Oceanográfico e ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo como uma ação catalizadora dessas frentes. A Cátedra Unesco pretende integrar esforços em rede, estimulando a pesquisa interdisciplinar e integrada, promovendo a cultura oceânica (do inglês Ocean Literacy) e ampliando o diálogo entre as ciências do mar, a sociedade e as políticas públicas. Em conjunto com diversas outras iniciativas que têm emergido no país, a Cátedra pretende fortalecer a participação e o controle social com vistas à busca da sustentabilidade dos oceanos.

Como exemplo das sinergias que estão sendo promovidas para esse fim, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a Cátedra e a Fundação Grupo Boticário produziram e estão disseminando a versão em português do material de divulgação da Década no Brasil. Com isso espera-se que não somente a comunidade científica, mas toda a sociedade possa se envolver e contribuir para elevarmos o oceano à prioridade que ele deve ter, dada sua importância e as agressões que vem sofrendo. O lançamento dessa publicação, no dia 3 de setembro de 2019, no evento “Conexão Oceano. Comunicar. Engajar. Proteger”, realizado pela Fundação Grupo Boticário, Unesco e Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, marca essa nova fase dos oceanos no Brasil.

Alexander Turra é Cátedra Unesco para Sustentabilidade dos Oceanos, professor do Instituto de Estudos Avançados e Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.

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