Quando o presidente Lula sancionou o projeto de lei que criou a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), na semana passada, o Paraná não ganhou apenas uma nova universidade pública federal, o que já seria motivo de comemoração: ganhou uma instituição diferenciada, única em suas características.

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O projeto da Unila é inovador e ambicioso. Será a primeira universidade brasileira inteiramente voltada para a América Latina. Para cumprir a missão de gerar conhecimento vinculado à realidade dos nossos países, seus programas de ensino e pesquisa serão focados na integração. Os cursos estarão voltados para a solução de problemas comuns e superação dos desafios latino-americanos.

Na verdade, com a iniciativa, damos um passo fundamental para promover um novo modelo de integração, que incorpora as dimensões cultural e educacional como vetores essenciais, superando a visão economicista tradicional que reduz o processo de integração ao livre comércio.

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Sua meta é atender 10 mil alunos, metade brasileiros e metade latino-americanos. O corpo docente terá professores 250 efetivos e 250 temporários (estrangeiros, visitantes). O orçamento anual para pessoal e custeio é da ordem de R$ 140 milhões.

A Itaipu Binacional se orgulha de fazer parte dessa conquista histórica. Desde o início, nos empenhamos para que a Unila se instalasse em Foz do Iguaçu. Temos certeza de que os compromissos assumidos pela Itaipu de apoiar a implantação do projeto, doando o terreno onde será construído o futuro câmpus da Unila, e oferecendo espaço físico dentro do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) para o seu funcionamento provisório, assim como os projetos para construção de sua sede, assinados pelo consagrado arquiteto Oscar Niemeyer, foram fundamentais para essa conquista.

A Unila terá, para Foz e região a mesma importância da criação do Parque Nacional do Iguaçu, em 1939, e do Tratado de Itaipu, de 1973. Sua instalação permitirá a criação de um polo de conhecimento que mudará o perfil socioeconômico e trará nova perspectiva para o desenvolvimento sustentável regional.

Desde que assumiu a presidência, em 2003, o presidente Lula vem promovendo uma vigorosa expansão da rede de instituições federais de ensino superior. Além de criar 14 novas universidades, autorizou a abertura de mais de uma centena de novos campi vinculados às universidades já existentes, num processo de interiorização sem precedentes para a educação superior pública.

Graças a essa política, milhares de jovens que vivem longe dos grandes centros têm a oportunidade de fazer um curso superior numa instituição pública e gratuita.

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O Paraná – que sempre se queixou, com toda razão, de ser preterido em relação a outros estados – tem sido um dos maiores benefíciários do Programa de Apoio a Planos de Restruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). De 2003 para cá, o orçamento das instituições federais de ensino superior no estado praticamente triplicou, saltando de R$ 405 milhões para R$ 1,2 bilhão. Tutora da Unila, a UFPR terá, em 2010, um orçamento de R$ 725 milhões.

Foram esses recursos que garantiram a interiorização da UFPR, com a abertura de novos campi. Berço do estado, o litoral permanecia esquecido em matéria de educação superior pública. Hoje, a UFPR Litoral já atende 1,2 mil alunos e chegará a 2 mil até 2012.

Outra instituição que deve orgulhar os paranaenses é a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), criada em 2005, a partir da transformação em instituição universitária do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR). A UTFPR conta, hoje, com 11 campi distribuídos pelo estado, atendendo a marca de 20 mil alunos.

O Paraná também saiu ganhando com a recém-criada Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Com sede em Chapecó (SC) e unidades em Cerro Largo e Erechim (RS), a UFFS terá dois campi no sudoeste do Paraná, em Laranjeiras do Sul e Realeza.

Fomos beneficiados ainda com a expansão da rede de instituições federais de educação profissional a partir do desmembramento da Escola Técnica da UFPR do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Em dois anos, o projeto quase duplicou de tamanho, passando de sete unidades, conforme previa a proposta inicial do MEC, para um total de 12 unidades, cinco delas em pleno funcionamento. O IFPR oferece cursos técnicos integrados ao ensino médio e também cursos tecnológicos de nível superior.

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Com seis instituições federais de ensino superior – considerando-se a Universidade Aberta do Brasil (UAB), com polos presenciais em vários municípios – e invejável rede de universidades estaduais, o Paraná conta hoje com um dos melhores sistemas de educação superior do país. Isso lhe garante condições excepcionais para transformar-se, nas próximas décadas, numa das principais locomotivas a conduzir o Brasil a um novo patamar de desenvolvimento, com equidade e justiça social. Bem-vinda Unila, mais uma grande conquista do Paraná!

Jorge Samek, engenheiro agrônomo formado pela UFPR, é diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional.