O projeto econômico petista está com os dias contados; os sintomas estão aí aos olhos de todos, indicando que uma mudança de rumo na economia é urgente e inadiável. Iniciada por Lula e tocada por Dilma, a arrancada consumista deu às classes menos favorecidas uma sensação de pertencimento social. Sem cortinas, Lula usou seu agudo tirocínio político para espraiar crédito por canais de baixa renda e, assim, proporcionar um mínimo poder de compra aos mais carentes.
Tal injeção de crédito, associada à possibilidade de compras com parcelamento de médio prazo, potencializou o sonho capitalista nas periferias, trazendo para dentro da economia de mercado muitos clientes que, antes, apenas ficavam olhando vitrines. No entanto, cuidado: o messias não fez a multiplicação dos pães. Na verdade, a medida apenas estimulou o aumento do preço da farinha ou a diminuição do pãozinho francês...
Não adianta: em economia não há milagre. Cedo ou tarde, os mágicos ficam nus. Objetivamente, o fato é que consumismo artificial é certeza de uma morte anunciada. Quando o endividamento familiar chega a seu ponto de saturação, a engrenagem tranca e, a depender da quantidade de dinheiro injetado na veia, o paciente, pelo choque inflacionário, vai à UTI por falência múltipla de órgãos. Aqui chegando, não adianta só rezar e dizer que foi um bom menino ao longo da vida, é urgente e inadiável a pronta medicação do corpo econômico moribundo, e haja analgésicos para conter a dor inflacionária. No fim, a doce sensação consumista é transformada em salgadas dívidas reais.
Se a memória não me trai, é de Mário Henrique Simonsen a frase de que "a inflação aleija, mas o câmbio mata". A ideia é de precisão cirúrgica. Enquanto a inflação vai silenciosamente deixando os pobres mais pobres, o câmbio desnorteado é a pá de cal dos desatinos populistas. A perda de credibilidade do governo, após muitas palavras ao vento e lances irresponsáveis de "contabilidade criativa" (nome bonitinho para o que antigamente era simplesmente chamado de mentira, farsa ou fraude), faz os investidores internos e estrangeiros baterem em retirada por absoluta falta de confiança e segurança jurídica. Não tendo para onde correr, o governo vai se endividar ainda mais, garantindo um futuro de recessão e alta do desemprego. Basta olhar o passado para enxergar o futuro.
Ainda temos tempo de colocar o Brasil nos eixos. Para tanto, em vez de retórica e sorrisos fúteis, precisaremos de trabalho e seriedade política. Em vez de apenas querer ganhar votos, o governo deve ter a decência de olhar para a nação e assumir que seu modelo econômico está superado. Precisamos de investimento educacional e de infraestrutura. Precisamos de menos burocracia e de maior simplicidade fiscal. Precisamos estimular a indústria nacional e deixar de tratar o empresário como um inimigo do Estado. Politicamente, precisamos de partidos, e não de quadrilhas do poder. Ao fim, precisamos ser autenticamente cidadãos e não apenas eleitores de ocasião.
E então, onde você está e o que quer para o nosso país?
Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr., advogado, é especialista do Instituto Millenium.
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