Comprar é uma ação que faz parte do dia a dia de praticamente toda população mundial. Você já parou para pensar o que está por trás do simples ato de adquirir uma mercadoria? A aquisição de um produto consiste em afetar o meio ambiente, a economia e a sociedade. E é por essa razão que cada vez mais a população precisa refletir sobre o consumo consciente.
O debate sobre a forma como consumimos não vem de hoje, há tempos somos alertados sobre os malefícios e como o consumo errado pode nos prejudicar. Com a questão sempre em xeque, já vemos algumas mudanças no mercado, um exemplo são os produtos cruelty-free, aqueles que não utilizam testes em animais. Além disso, já pode-se perceber que o consumidor está mudando o pensamento e se questionando sobre o processo de produção das marcas para entregarem o produto final.
A pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), revelou que 55% dos brasileiros estão no grupo de “consumidores em transição”, aqueles cujos hábitos de consumo consciente estão abaixo do desejado. Somente 31% podem ser considerados “consumidores conscientes”.
Apesar de muitos saberem a importância de melhorarem seus hábitos de consumo, ainda é muito difícil colocar as mudanças em prática. E embora, grande parte da população entenda as consequências negativas do consumo sem responsabilidade e o debate já tenha avançado bastante, já sentimos as consequências dos nossos atos, como a degradação ambiental, o aumento da temperatura da terra e tantos outros efeitos que observamos no cotidiano.
É por isso que falamos tanto em mudança das práticas de consumo, como forma de minimizar e até evitar que esses efeitos aumentem. Neste contexto, tem se observado que as gerações mais novas se atentam mais para as causas e estão aderindo a novas formas de consumo. Um estudo realizado pela First Insight, em 2019, revelou que 62% das pessoas da geração Z preferem comprar de marcas sustentáveis.
O mercado também está se adaptando e apresentando novas soluções. Como no caso de empresas que oferecem aluguel de carro, roupas e até celular. Uma nova forma para o consumidor ter acesso ao produto sem a necessidade de posse. A ideia permite inclusive a diminuição de lixo eletrônico, por exemplo, nos casos dos celulares.
Um levantamento feito pela Economist Intelligence Unit (EIU) em 54 países, ao final de 2021, mostrou que a busca na internet por produtos sustentáveis cresceu 71% nos últimos cinco anos. Há quem afirme que a pandemia contribuiu para a mudança de comportamento do consumidor, com tanto tempo isolado e as pessoas em busca de lugares próximos à natureza para se refugiar, voltou-se a atenção para a preservação.
Mais do que nunca o consumo consciente, é uma demanda atual se quisermos que haja futuro para nós e as futuras gerações. Não há como pensar em futuro se não pararmos para refletir sobre o consumo agora, não basta pensarmos em consumo sustentável, precisamos ir além e refletir sobre a real necessidade de termos um produto, será que precisamos mesmo da posse? A única forma de consumir é adquirindo uma mercadoria?
Cadu Guerra é CEO do Allugator.
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