Às vésperas da realização de mais uma edição da Copa do Mundo, veremos em breve jogadores de diversas seleções participarem de um dos maiores eventos mundiais. Durante esse período, estrelas do futebol global estarão reunidas em torno do mesmo objetivo. Nos estádios do Catar, nos Emirados Árabes, teremos reunidos os maiores salários. Apesar disso, nem tudo são flores e precisamos considerar os prós e contras desse mercado que tem características peculiares. Um exemplo é o questionamento que vem sendo feito por conta da convocação do jogador Daniel Alves, de 39 anos, para participar da seleção brasileira.
Há quem pense ainda que basta ser jogador de futebol como Daniel Alves para ter um salário milionário. Vale lembrar que a estrela não brilha para todos. Até atingir o patamar salarial de grandes nomes, há um longo percurso a ser feito. Os poucos que chegam lá conseguem finalmente negociar altas cifras salariais. Uma pesquisa da KPMG mostrou que o jogador Neymar é o 74º jogador mais valioso do futebol mundial com 61,7 milhões de euros. A liderança geral está com o jogador do PSG, Kylian Mbappé, avaliado em 223 milhões de euros, seguido por Erling Haaland, do City, com 165,6 milhões de euros.
Mas cabe ressaltar que a vida profissional de um jogador de futebol não é longa. Assim que o atleta começa a envelhecer, mesmo jogando em alto nível, as chances de atuar em grandes clubes diminuem e a aposentadoria logo chega. Existem também os questionamento pelo rendimento físico desses atletas mais velhos. Por outro lado, a carreira de técnico de futebol pode durar bem mais tempo, várias décadas. Muitos levam como bagagem a experiência que tiveram em campo como jogador de futebol. Um exemplo é o técnico pentacampeão do mundo, Luiz Felipe Scolari que, aos 73 anos e 40 de carreira, é o técnico mais idoso em atividade na elite do futebol brasileiro e chama a atenção pela capacidade de manter o desempenho em alto nível. Diferente dos jogadores, eles conseguem esticar a atuação à frente dos times para a casa dos 50/60 anos. Mais do que obter resultados consistentes, o técnico mostra vitalidade para querer continuar na ativa e ampliar seu legado já recheado de conquistas.
Isso pode ser considerado uma prova de que a idade não precisa ser necessariamente um impedimento para que profissionais experientes se mantenham dispostos, relevantes e competitivos após os 65 anos, idade limite para a maior parte dos profissionais. Toda essa discussão nos leva a pensar sobre a importância do planejamento de carreira e da aposentadoria que traz à tona uma dicotomia entre idade e carreira e os efeitos do envelhecimento em um mercado de trabalho. O rótulo do etarismo tem sido um dos assuntos mais debatidos nas empresas ultimamente. É um incentivo aos que estão com idades consideradas avançadas, mas que ainda se sentem produtivos, competitivos e não querem parar de trabalhar porque ainda podem contribuir com ideias, conhecimento e experiências.
Ressalvas precisam ser feitas já que o mercado de trabalho do futebol é uma espécie de mundo à parte no que diz respeito a processos de trabalho e não pode ser comparado à estrutura de uma empresa convencional. Por um lado, as empresas que adotam uma postura que se preocupa com o futuro dos trabalhadores estão pensando numa sociedade mais forte e produtiva. Já para além dos jogadores, como Daniel Alves e treinadores, cabe a todos nós entendermos desde cedo a importância do planejamento de carreira para uma vida fora dos campos por volta dos 35, 40 anos, especialmente num mercado de trabalho brasileiro que é predominantemente jovem e está calcado nos avanços tecnológicos.
Bruno Martins é graduado em Administração de Empresas e pós-graduado em Gestão de Marketing e Negócios pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Também tem formação de Coach pelo IBC Instituto Brasileiro de Coaching. É CEO da Trilha Carreira Interativa.
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