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Coronavírus, devemos temê-lo?

Coronavírus no Brasil: Três casos suspeitos, segundo o Ministério da Saúde. Na imagem, passageiros no transporte coletivo de Pequim, na China.
A presença do vírus, de fato, não está confirmada no Brasil e torcemos para que não se confirme. Mas, o contágio potencialmente alto, o mundo global e a facilidade de trânsito entre os países e continentes fazem do coronavírus um perigo real no mundo todo, inclusive no Brasil. (Foto: WANG Zhao/AFP)

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O novo vírus que se espalha rapidamente pelo mundo foi alçado à categoria de perigo iminente no Brasil. A categoria foi elevada graças à comunicação de casos suspeitos em território nacional: um, em Minas Gerais, e outros dois: um, em Curitiba e outro, na região de Porto Alegre. Uma segunda suspeita em Curitiba, logo após os exames, foi descartada.

Independente de existir um caso no Brasil ou não, o novo coronavírus já se mostrou altamente contagioso. Já fez mais de cem vitimas fatais na China e os casos confirmados já ultrapassaram os 10 mil por lá, em outros países da Ásia e também na América do Norte, Europa e Oceania. Medidas de contenção como o controle de entrada de pessoas com sintomas, isolamento das áreas de desembarque de passageiros provenientes de cidades onde o vírus está ativo já foram tomadas em muitos países para controlar o avanço da doença. Na China, houve até o isolamento de cidades inteiras.

Mas e o Brasil? A história de epidemias de doenças altamente contagiosas como da gripe H1N1, da gripe suína e até do sarampo pode nos ajudar nesta hora.

Como exemplo, vamos à história do sarampo, surto mais recente registrado no Brasil. O país, com vacinação e controle, conseguiu erradicar a doença no fim de 2016. Em 2018, porém, registramos um surto com incidência da doença em 12 estados. Casos isolados e importados da Venezuela foram o estopim. Mesmo com a ação do governo de Roraima, onde o surto teve início, a doença se espalhou e chegou a contaminar mais de 10 mil pessoas, com 12 mortes registradas naquele ano. Mas, e se as autoridades estivessem preparadas, e tivessem agido com antecipação, a história teria sido a mesma?

Com o coronavírus, a situação é um pouco mais grave porque não há vacina que previna o contágio. Então, evitar que o vírus chegue ao Brasil seria a melhor forma de proteger a população. Porém, mesmo sem casos confirmados, autoridades sanitárias devem estar preparadas. Planos de contingenciamento não necessariamente precisarão ser colocados em prática, mas, se necessário, é preciso tê-los prontos.

Medidas de isolamento, levantamento de hospitais de referência, a padronização de procedimentos dos profissionais de saúde, assim como a quantidade de máscaras e de outros insumos necessários ao controle devem estar planejadas.

À população cabe estar alerta, não, alarmada. Como em qualquer perigo de surto de doença altamente contagiosa, cuidados básicos como lavar frequentemente as mãos, evitar ambientes fechados e o contato com pessoas possivelmente doentes são as medidas básicas.

A presença do vírus, de fato, não está confirmada no Brasil e torcemos para que não se confirme. Mas, o contágio potencialmente alto, o mundo global e a facilidade de trânsito entre os países e continentes fazem do coronavírus um perigo real no mundo todo, inclusive no Brasil. E se algum dos três casos suspeitos venha a ser confirmado, temos que estar prontos e agir rápido.

Luciano Ducci é médico pediatra e deputado federal pelo PSB

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