Vivemos dias difíceis. Escândalos de todos os tipos têm vindo à tona, evidenciando a corrupção. Mas o que é a corrupção, que tanto estrago causa à sociedade? O termo tem origem no verbo corromper, que significa tornar podre, quebrar aos pedaços, deteriorar ou perverter moralmente. É um fenômeno mundial e atravessa os tempos. E o que faz com que alguns ajam de maneira indevida para alcançar algum tipo de vantagem?

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A corrupção não é praticada apenas por políticos e empresários. Toda a sociedade está sujeita a ela, cometendo as pequenas infrações do dia a dia: furar filas, pagar para se livrar de uma multa, colar na prova... Alguns fatores, embora não a justifiquem, ajudam a explicá-la. O primeiro diz respeito ao que ocorre com nossa escala de valores, o modo como as pessoas e as organizações estão se comportando e relacionando. O que aconteceu à ética, à honestidade, à justiça, à lealdade, aos valores morais?

O que aconteceu à ética, à honestidade, à justiça, à lealdade, aos valores morais?

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O primeiro grupo em que o indivíduo se vê inserido é a família, sendo esta a responsável por lhe passar as principais regras de comportamento e valores, educando para a vida em sociedade. Contudo, muitas vezes vemos famílias desestruturadas, com problemas que influenciam essa pessoa, que se desenvolve em meio a expedientes que deixam a desejar em termos de comportamento ético.

Outra questão que contribui para o atual estado de coisas é a disseminação do famoso “jeitinho”, a busca de soluções fáceis para determinados problemas. A prática, muitas vezes inconsciente, porque já enraizada culturalmente, acaba sendo estimulada por outro elemento: a impunidade, que se realimenta não só dos interesses de alguns, como também do exemplo dado por governantes – que saem da própria sociedade – e da visão de serem esses pequenos atos de corrupção ações que não geram grande prejuízo a ninguém.

O comportamento do indivíduo passa, muitas vezes, para as organizações (políticas, empresariais ou do terceiro setor), que são compostas e dirigidas por esses mesmos indivíduos, e que muitas vezes corrompem e se deixam corromper em troca de poder, vantagens ou lucros maiores. O crime de corrupção leva a outros, como tráfico de influência, subtração dos recursos públicos, sonegação, desfalques, peculato.

Está claro que a corrupção cria insegurança, principalmente quando atinge o Estado. Dependendo do grau de envolvimento dos agentes públicos e dos danos, pode gerar desconfiança de investidores, empresários e consumidores com relação às políticas governamentais, o que resultaria em crise – não apenas política, mas também econômica, como vemos agora. A solução? Está em nós mesmos, sendo necessário que cada indivíduo faça um reexame de suas práticas, criando o seu self-compliance, monitorando a si mesmo quanto aos valores.

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Gabriel Mamed é economista e professor da FMP/Fase.