Como instituição que tem tido permanente participação no debate e na busca de soluções para remover os grandes gargalos logísticos que afetam o desenvolvimento do estado, o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) sempre se somou àqueles que, com seriedade, lutam por ver realizados dois grandes objetivos que há tanto tempo unem a sociedade paranaense: a redução das tarifas do pedágio e a realização de mais obras de modernização da infraestrutura rodoviária do estado. Por este motivo, quando a Assembleia Legislativa criou a CPI do Pedágio, encaramos a iniciativa como um grande passo para, enfim, alcançarmos aqueles dois objetivos. Demos-lhe apoio e oferecemos a nossa colaboração profissional.
Entretanto, após quatro meses de trabalho da CPI, somos tristemente forçados a lamentar o modo como ela vem se conduzindo, claramente mais preocupada com os holofotes da mídia do que, efetivamente, em discutir soluções para os problemas que há tanto tempo angustiam os paranaenses. Lamentamos que questões inerentes à essência do sistema de concessões rodoviárias do Paraná tenham constantemente dado lugar ao debate infrutífero, inócuo e, por vezes, até mesmo demagógico de questões paralelas, acessórias e irrelevantes.
Quem participa de suas audiências, quer no plenário da Assembleia, quer em reuniões realizadas no interior, tem se obrigado a assistir a um festival de opiniões e posicionamentos dos membros da CPI muito distantes do verdadeiro interesse público que o tema desperta.
Embora fundamentais para a compreensão correta e serena do pedágio no Paraná, depoimentos prestados por vários engenheiros e por respeitados profissionais de outras áreas que compareceram à CPI têm sido usados para o exercício midiático dos senhores deputados, que se apegam, aqui e ali, fora de seus contextos, a afirmações episódicas ou meramente ilustrativas que os depoentes lhes apresentam.
Um dos muitos exemplos da displicência dos parlamentares quanto a cumprir sua obrigação de dar foco preciso aos trabalhos da CPI deu-se por ocasião do depoimento prestado pelo administrador João Chiminazzo Neto, diretor da ABCR-PR, a associação que congrega as seis concessionárias que administram as nossas rodovias. Ele foi taxativo ao afirmar que as empresas consideram ser possível baixar as tarifas e ampliar o programa de obras exatamente os pontos que deveriam centralizar a atenção e o debate. Entretanto, pouco se lhe fizeram perguntas realmente pertinentes e necessárias: quanto? Como? Quando?
Foi lamentável a postura dos parlamentares, que se mostraram mais preocupados em saber de seus vínculos como consultor e dirigente da ABCR, como se este fato tivesse qualquer importância ou influência no resultado final esperado pela população e anunciado por ele. Explicações técnicas, históricas, econômicas e políticas explanadas pelo representante das concessionárias foram, de modo geral, ignoradas pelos deputados, que preferiram se ater à inutilidade prática de querer quantificar o suposto lucro dos consórcios.
Está se desperdiçando uma oportunidade ímpar de envolver a opinião pública em torno de um debate profícuo, de largo interesse social e econômico para todos os paranaenses, na busca de meios de convergência inteligente, razoável, apolítica e apartidária que leve ao alcance dos verdadeiros objetivos estradas melhores com tarifas menores. O resto, senhores deputados, é pizza.
Cássio José Ribas Macedo, engenheiro, é presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP).